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  • Decifrando o código de pontuação feminino: valores dos elementos



    Bem-vindo à segunda parte da nossa série “Decifrando o código de pontuação feminino”. Nesta parte vamos falar sobre os valores dos elementos. Na primeira parte da série, falamos sobre como a pontuação é construída a partir da combinação das notas de execução e dificuldade. O artigo de hoje dedica-se à construção da parte principal da pontuação D, que vem dos oito principais elementos em uma série (se você se lembra do último artigo, requisitos de composição e valores de conexão também fazem parte da pontuação D).

    Cada elemento realizado na ginástica tem um valor e uma letra. Cada letra corresponde a um valor, de A a G, do mais fácil ao mais difícil. Valores de cada letra:

    A- = 0.10 P.
    B- = 0.20 P.
    C- = 0.30 P.
    D- = 0.40 P.
    E- = 0.50 P.
    F- = 0.60 P.
    G- = 0.70 P.

    Aqui estão alguns exemplos de elementos muito usados e a letra a que corresponde. Observe, porém, que o valor de um elemento pode variar de aparelho para aparelho. Por exemplo, no solo, tanto um mortal para trás grupado quanto um mortal para trás carpado valem A, mas valem C na trave, porque eles são mais difíceis de executar na trave do que no solo.

    Elementos A


    Barras Assimétricas:

    - kip
    - lançamento a parda com pernas afastadas
    - giro de quadril

    Trave de Equilíbrio:

    - um salto simples para entrada na trave
    - salto sissone
    - giro simples
    - rolamento para trás
    - mortal grupado ou carpado para frente na saída da trave.

    Solo:

    - salto sissone
    - salto shushunova
    - giro simples
    - rolamentos
    - reversão sem mãos

    Elementos B

    Barras Assimétricas:

    - lançamento a para de entrada, com uso do trampolim
    - lançamento a parade de pernas unidas
    - giro gigante para frente

    Trave de Equilíbrio:

    - parada de mãos a força
    - um giro e meio com perna abaixo da horizontal
    - ponte saindo da posição sentada
    - saída de twist grupado ou carpado

    Solo:

    - sissone com meia volta
    - duplo giro com a perna abaixo dos 90º.
    - oitava com dupla pirueta
    - mortal com meia volta ou pirueta para trás

    Elementos C

    Barras Assimétricas:

    - entrada de peixe
    - oitava a parada
    - uma pirueta e meia ou dupla pirueta para trás de saída do aparelho.

    Trave de Equilíbrio:

    - entrada de ponte para frente
    - salto carpado com pirueta
    - giro com perna livre à 90º
    - um pirueta e meia ou dupla pirueta para trás de saída da trave.

    Solo:

    - sissone com pirueta
    - um triplo giro (perna abaixo dos 90º),
    - reversão para frente com pirueta, antes ou depois do toque das mãos no solo
    - um pirueta e meia ou dupla pirueta para trás.

    Elementos D

    Barras Assimétricas:

    - mortal para frente sobre a barra baixa para pegar a barra alta
    - Jaeger carpado ou afastado
    - Shaposhnikova
    - stalder para frente com pirueta
    - duplo pra frente com meia volta na saída

    Trave de Equilíbrio:

    - entrada de mortal carpado a frente
    - um salto anel
    - um giro e meio (perna à 90º)
    - um mortal grupado para frente
    - um mortal carpado para frente, saindo de um pé só
    - dupla pirueta, ou dupla e meia de saída

    Solo:

    - sissone com um giro e meio
    - duplo giro com a perna livre à 90º.
    - dupla pirueta para frente
    - duplo carpado ou duplo grupado pra trás

    Elementos E

    Barras Assimétricas:

    - twist grupado sobre a barra baixa para pegar a barra alta
    - comaneci
    - tkatchev carpado
    - saída de duplo esticado com pirueta

    Trave de Equilíbrio:

    - entrada de twist carpado
    - cortada em arco
    - um triplo giro (perna abaixo dos 90º),
    - um mortal esticado para trás sobre a trave
    - um duplo mortal carpado para trás de saída da trave.

    Solo:

    - quádruplo giro (perna abaixo dos 90º)
    - duplo pra frente
    - dupla pirueta e meia para frente
    - tripla pirueta para trás

    Elementos F/G

    Estes são os mais emocionantes, os elementos doidos. Estes são elementos como a saída da Shawn Johnson na paralela, um duplo mortal esticado com dupla pirueta; ou a saída da Catalina Ponor na trave (Olimpíadas de 2004 e final da trave do Campeonato Mundial de 2011), que era um tsukahara (ou um duplo mortal com uma pirueta). Tem o elemento da Daniela Silivas, um duplo mortal grupado com dupla pirueta (também chamado de duplo com dupla), e o duplo mortal esticado com pirueta, da Cristina Bontas no solo. Também inclui o duplo twist carpado (Dos Santos I) realizado por ginastas como Daiane dos Santos, Aly Raisman e Beth Tweddle, bem como o duplo twist esticado (Dos Santos II).

    Elementos classificados como F e G são os mais complexos e difíceis, o que torna difícil descrevê-los. Por exemplo, leia este elemento da paralela: balanço a frente com meia volta(180º), mais meia volta (180º) em voo de pernas afastadas sobre a barra alta, terminando no balanço. O quê??? Isto, meus amigos, é um elemento de vôo conhecido como Shushunova. Mas, mesmo se você conhece esse exercício, você pode relacioná-lo com essa complexa descrição?

    Deixe-me ajudar mostrando os elementos F e G para você, graças aos cada vez mais maravilhosos vídeos instrucionais do canal Mostepanovafan, onde eles explicam o elemento, a descrição e mostram o elemento sendo executado.



    No salto, as coisas são um pouco diferente, pois é considerado um elemento único em termos de dificuldade, mesmo ele sendo dividido em fases quando julgado. Teremos um post separado para descrever o salto.

    Como você pode ver, alguns dos elementos levam o nome da ginasta que primeiro o executou, como o Silivas, o Khorkina (ela tem muitos elementos em todos os aparelhos), o Baitova, o Yurchenko, o Patterson, o Shaposhnikova... Uma ginasta pode ter um elemento nomeado se ela competir ele com sucesso em Jogos Olímpicos ou Campeonatos Mundiais. Falaremos sobre isso mais tarde também!

    Agora, uma das melhores maneiras de se familiarizar com os valores dos elementos e como eles são combinados, é assistindo muitos dos excelentes vídeos no Youtube que os fãs fizeram para mostrar como as notas de certas séries são construídas.

    Assista um exemplo de Beth Tweedle na paralela



    Uma curiosidade: temos vários nomes de brasileiros inclusos no código de pontuação: Heine Araújo na trave, Daiane dos Santos no solo, Diego Hypólito no solo e Sérgio Sasaki na paralela!

    Esse artigo é originalmente escrito por Brigid McCarthy, do site The Couch Gymnast. Você pode ver o artigo original clicando aqui.

    A tradução desse artigo é uma colaboração da leitora Isadora Córdova.

    Alterações e inclusões ao artigo original feitas por Cedrick Willian.
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    19 comentários:

    1. coloca um vídeo do elemento da Heine na trave por favor?

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    2. Welington Einfach21 março, 2012 09:22

      Cedrick, sei que vc é um cara muito ocupado, mas queria te propor colocar todos os saltos femininos com valor a partir de 5.0, com nome técnico, artístico e nota D. E também todos os giros feitos no solo até hoje, tbm com nome técnico, artístico e nota D. Se for possível linkar vídeos. Seria incrível. Fica o pedido.

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    3. Welington Einfach: porque você não pega uma arma e me atira á queima roupa e acaba logo com isso??? hauahuahuahuahuahahauhauahuhaua

      Super mais fácil me matar assim!

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    4. Welington Einfach21 março, 2012 10:00

      Haha Cedrick, desculpa.

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    5. Na trave, giro com perna livre elevada à horizontal é C!
      Também faltou o giro gigante na UB pra trás, que vale o msm q o pra frente. Na BB, podia ter a pirueta esticada pra trás também de saída (B).

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    6. Não entendi o giro de quadril (seria oitava, sem ir à parada?) e o "oitava a parade com dupla pirueta" de valor "B" no solo :S

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    7. Realmente, o giro C também estava no B. Coloquei outro exemplo de giro B. Não dava pra colocar todos os exercícios do código, foram apenas alguns exemplos, portanto não faltou nenhum exercício.

      O giro de quadril é um giro simples, sem ir á parada e com o quadril encostando na barra. A oitava no solo consiste em um rolamento para trás chegando á parada de mãos. Esse mesmo exercício, com um duplo giro no momento em que a ginasta chega á parada, vale B.

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    8. Ah, agora eu entendi! Giro de quadril é igual a oitava (sem terminar subindo à parada) e o rolamento de costas no solo subindo à parada e com o apoio delas fazendo dupla pirueta; legal! Não quis criticar, só lembrar que giro gigante é bem simples e comum nas duas direções!

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    9. Como é o elemento da Heine Araújo??

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    10. É a saída de dupla pirueta pra frente na trave! *.*

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    11. dupla pirueta pra frente

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    12. Uma coisa que eu não entendo é a seguinte. Um mortal carpado é mais difícil de se fazer do que um grupado, por exemplo, na trave. Então por que eles valem a mesma coisa? Qual seria a vantagem para uma ginasta fazer o mais difícil sendo que fazendo o mais fácil ela ganharia o mesmo número de pontos?

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    13. Felipe!

      Uma primeira coisa: cada ginasta escolhe os exercícios de composição da série, juntamente com o seu técnico, e os escolhe da forma que fique mais confortável para ela. Depende de várias coisas: biotipo, confiança, flexibilidade, etc, e a partir disso, a série é construída.

      A vantagem dos dois mortais terem o mesmo valor, é que a ginasta pode usar os dois elementos e ganhar dois exercícios de valor D. Provavelmente, a ginasta que fizer o mortal pra frente na trave é porque ela tem facilidade com esses exercícios. Se a ginasta repete um exercício na série, ele é contado apenas uma vez. Não compensa a ginasta fazer dois mortais grupados para frente, porque um deles não valeria. Agora, se ela fizer um grupado e depois um carpado, ela tem dois exercícios de valor D.

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    14. A-do-ro o Araújo. A Peng Peng Lee executava até bem bonitinho em 2007.

      Sabem o que me deixa triste? Quem assistiu o video (MostepanovaFan é um monstro em saber sobre Ginástica, tenho dezenas de videos dele)sabe das milhões de saídas diferentes com valoe F e G na trave. E que ginastas que possuem altura de saída, conseguiriam executar com facilidade imensa. Então por que demônios congelados elas não fazem??

      Não sei se é porque todo santo dia assisto a algum video de Ginástica Artística. Mas estou cansada de Tsukahara / duplo grupado frontal / duplo esticado nas Barras; estou cansada de duplo grupado / duplo carpado / dupla e meia na trave; estou cansada de duplo carpado / duplo grupado no solo, todoa de saída. Por isso eu amei a série da Ksenia Semenova entre 2007 e 2009. Sim, no final de 2008 ela parou de executar o Tchatchev + Giant Full. Mas ainda assim, que originalidade! E sair de duplo twist carpado! Saída F, muito respeitável, que inclusive ela cravou no AA de Pequim.

      Opinião totalmente pessoal, mas vejam as medalhistas do solo de Pequim:

      1 - Sandra Izbasa, saída de tripla pirueta (cravada);
      2 - Shawn Johnson, saída de Tsukahara grupado;
      3 - Nastia Liukin, saída de round off + dupla e meia pirueta (apesar da discussão que há sobre a Jiang Yuyuan merecer mais o bronze que a Nastia).

      Gosto de séries de trave como as de Catalina Ponor: quando ela acerta...sai de baixo. Ela ousa! Peña Abreu ganhou meu eterno e irrefutável respeito ao atrever-se a tentar um Produnova.

      Salto Amanar? Vamos combinar que já está ficando batido, e tem ginastas que sobram tanto na chegada que poderiam tentar faculmente um Yurchenko + tripla pirueta. Por que ninguém mais tenta um Zamolodchikova ou um Khorkina II no salto sobre a mesa? Saltos com bom valor de dificuldade e super diferentes! A última vez que vi estes saltos serem executados nas Olimpíadas foi em 2004. Faz teeempo...

      Peço originalidade, pelo amor dos deuses. E também peço esmero por parte dos juízes. Afinal, dar uma boa nota porque fulana é amricana, russa, romena ou chinesa já-deu. Atenham-se à execução e ao talento, não ao passaporte.

      E tenho dito!

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    15. Cedrick, na trave, mortais grupado e carpado pra trás valem C, pra frente, D e E. Acho que aconteceu alguma confusãozinha quanto aos exemplos.

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    16. Chusovitina fez um Zamo na final da Olimpíada de Pequim. Em 2004, Rosu e Zamo o fizeram, mas não foram as últimas...

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    17. Pra que fazer um salto diferente se não for a melhor opção quanto a dificuldade? Fazer Zamo a um Amanar se a ginasta pode fazer mais e jogar com o Código? Cinco décimos fazem a diferença no final... E outra: Tsukahara não dá boas possibilidades a ninguém; pra ginasta sair de um carpado pra um esticado já é um custo. Imagina então fazer mais que uma pirueta! E Khorkina então? Se a ginasta tem altura pra, depois de aprender a fazer rondada + meia volta pro cavalo + mortal, realizar mais de uma pirueta, pra que fazer grupado pra ter uma diferença de 0.6 de dificuldade pra outra que fizer Cheng?
      Esporte é mais resultado que exibição, covenhamos!

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    18. Anônimo: fiz confusão com os mortais mesmo e já consertei. O carpado para frente na trave vale E. Já o que eu queria exemplificar, era o mortal carpado para frente saindo de um pé só. Esse vale D.

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