-->
  • Alexandrov está oficialmente no Brasil... O que muda?


    Agora é oficial: Alexander Alexandrov foi apresentado pelo COB como o novo treinador chefe da seleção brasileira de ginástica artística feminina. O que muda a partir de agora? Alexandrov, assim como Oleg Ostapenko, figura entre os melhores treinadores do Mundo. Recentemente, Carly Patterson e Aliya Mustafina são grandes nomes que passaram pelas mãos dele. Entretanto, nem tudo são flores.

    Sim, eu concordo que o Brasil tem muito a ganhar com a chegada de Alexandrov aqui. Mas, o contrato inicial só vai até 2016, encerramento do ciclo olímpico. Como as coisas funcionariam para que todo esse conhecimento e estadia de Alexandrov em nosso país fosse aproveitado o máximo possível?

    Como no momento não temos um Centro de Treinamento oficial como tínhamos no Rio de Janeiro, acredito que Alexandrov ficará na cidade de Três Rios, onde está concentrada metade da seleção brasileira atual. Ginastas do Flamengo, da ONG Qualivida e seus respectivos treinadores, serão beneficiados com os conhecimentos russos. Treinadores e ginastas do CEGIN também estão muito bem servidos com Oleg Ostapenko. Mas, e os outros clubes do Brasil, que também possuem potencial ginástico, como ficam nessa história?

    A ideia dos "camps" de treinamento é ótima, de verdade. Mas o que faz uma ginasta boa, fora o talento, é treinamento do dia-a-dia. Não há como negar que ginastas em contato diário com Alexandrov evoluirão mais que as outras. Alexandrov é um treinador muito inteligente e atualizado. Sabe jogar com o código de pontuação - montando excelentes séries - e foi bem-sucedido na função de reerguer a ginástica russa. Dizendo isso não estou desmerecendo o trabalho que o Brasil fez na era pós-Oleg, mas entendo que a situação por aqui ficou difícil depois que ele foi embora, situação que começou a se normalizar esse ano quando começamos a ver ginástica nova e juvenil no país. Essa é a hora de analisar os erros cometidos na última contratação e se preparar para mais acertos!

    Ótimas intenções do COB nessa contratação, mas fica uma chateação em pensar que desde 2009 o Brasil foi eleito sede dos Jogos de 2016, e só agora se atentaram ao fato de que a ginástica do Brasil precisa de ajuda. Perdemos 4 anos de 2009 pra cá! Se um planejamento bom não for feito, a dor de cabeça vai passar, mas em 2017 a enxaqueca vem ainda mais forte. Uma contratação com duração de 4 anos, exatamente 4 anos antes das Olimpíadas, nada mais é que uma aspirina pra dor de cabeça.

    Até onde se sabe, as portas de Três Rios estão abertas para os treinadores interessados em levar suas equipes para treinarem. Com isso percebemos que o conhecimento está disponível aos interessados, o que é ótimo. Mas quanto custa para um clube manter seus treinadores e ginastas em uma outra cidade? Realmente vale a pena? É interessante tirar os espelhos do clube? E as pequenas que ficam no clube treinando a base, qual referência teriam? Os gastos de um treinador com 5 ginastas em Três Rios fica em torno de 9 mil reais. Quantos clubes e prefeituras estão dispostos a investir isso por mês em algo incerto?

    A felicidade em ter um treinador tão bom chefiando a seleção é igualmente proporcional á preocupação em não tê-lo depois. Deve-se pensar em soluções e preparar todos para qualquer situação vindoura. Essa deve ser a mudança!

    Termino esse texto com uma sábia frase de Luisa Parente, postada no seu Twitter pessoal: "Faço votos que o plano renda a curto prazo, medalhas, e a longo prazo, know-how". Boa sorte á ginástica do Brasil!
  • You might also like

    4 comentários:

    1. Fabiano Araújo12 julho, 2013 09:03

      Nossa, excelente! Concordo com tudo.

      PS.: Eu não sabia que ele tinha trabalhado no WOGA com a Carly! #chocado!

      ResponderExcluir
    2. Eu acho que essa é uma visão simplista. Com a vinda do Alexandrov pra cá, me dá a impressão que, por um momentinho que seja, toda a ginástica internacinal virou seus olhinhos pro Brasil... afinal deve ter treinador do mundo inteiro que pensou "se o Alexandrov largou a Russia pra treinar o Brasil... deve ser bom treinar lá... deve ter algo muito bom lá."

      O que é ótimo.
      Que o Brasil abra as portas pra técnicos internacionais. E antes que me digam que é importante desenvolver técnicos aqui, o que eu concordo imensamente, se vem um Alexandrov pra seleção, um Oleg pro CEGIN, daqui a pouco vem outro fulano pro GNU ou pro Pinheiros pra trabalhar junto com os técnicos locais. E aí se desenvolve ginastica brasileira com técnicos internacionais E os próprios técnicos.

      Pode ser uma visão sonhadora, mas tenho certeza que a vinda do Alexandrov deve ter despertado esse pensamento em outros técnicos também.

      ResponderExcluir
    3. O Problema com o Brasil é esse oba oba todo e depois largarem tudo como já vimos acontecer,então menos sonhos e mais pé na realidade atual da Ginástica Brasileira que a curto prazo é impossível um milagre,tipo ganhar uma medalha no feminino,mas se continuarem com o trabalho a longo prazo acho bem possível sim.Estou falando em mundiais e Olimpíada.

      ResponderExcluir
    4. Tanto, tanto, tanto de Alexandrov, e nada do ex-treinador da Lepennec...Alguém sabe algo sobre ele? Desistiu ou já está por aqui?

      ResponderExcluir