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  • Mundial de Ginástica Artística 2013 - Análise do 1º dia de finais por aparelhos


    Solo masculino

    Kenzo Shirai veio aqui para ser campeão mundial e foi isso o que aconteceu. Série muito difícil, cravou menos que na classificatória, mas mesmo assim conseguiu um 16.000. Essa série de Kenzo está pronta para os Jogos de 2016, onde eu tenho certeza que ele vai chegar como favorito ao ouro.

    Jacob Dalton corria atrás de uma medalha no solo desde 2011. Dessa vez conseguiu ficar no pódio! Com uma série quase cravada e uma saída muito boa de tripla pirueta, conseguiu 15.600 para a prata.

    Kohei Uchimura abriu a final de solo muito bem. Não tem a nota de partida mais alta, mas crava todas as passadas e executa tudo numa performance que beira a perfeição. 15.500.

    Diego Hypólito ficou empatado com Steven Legendre em 5º lugar. Diego tinha total condições de ser prata nessa competição, colocação conseguida nas classificatórias. Acertou a série inteira, mas não cravou as passadas. Como Arthur Nory disse em entrevista ao GBB, não temos esse modelo de solo novo no Brasil. Provavelmente um treino mais firme no Brasil, no aparelho oficial do Mundial, teria dado mais segurança para o Diego nessa competição.

    Daniel Purvis foi muito bem, ficando em 4º lugar. Tem a postura muito bonita, mas não tem dificuldade alta na série. Fabian Hambuechen também fez uma série cravada, tirou 15.300. O único ginasta com nota abaixo de 15 foi o canadense Scott Morgan, que fez uma boa série na classificatória, mas tem erros de postura, é um pouco sujo.

    Salto feminino
    McKayla Maroney conquistou seu bi-campeonato mundial. Não foi a ginasta com maior grau de dificuldade da final, mas com certeza foi a mais perfeita. Cheng Fei está prestes a ser batida por Maroney em títulos mundiais!

    Simone Biles não saltou o cheng, saltou que poderia tê-la colocado como campeã dessa final. Impressionante como Biles salta bem, essa ginasta voa! Mesmo saltando o lopez, conseguiu uma nota altíssima, tamanha foi a perfeição do salto.

    Hong Un Jong estava prometendo saltar uma tripla nesse Mundial. A tripla não aconteceu, mas mesmo assim teve o grau de dificuldade mais alto: fez o amanar e o cheng, dois altos dificílimos. Ainda não consegue cravar bem esses saltos, sempre chega dando passso, mas merece o nosso respeito de campeã olímpica nesse aparelho.

    Giulia Steingruber abriu a final de salto muito bem. Cravou uma reversão com pirueta e meia, a melhor que já fez na vida. E saltou o DTY, acredito que também pela primeira vez. Dois saltos muito bons! A nota do primeiro salto poderia ter sido mais do que 15.500, poderia ter tirado mais se não fosse a primeira ginasta a se apresentar.

    Thi Phan acertou bem a reversão com pirueta e meia e pela primeira vez tentou um amanar de segundo salto, que acabou não sendo validado. Mas valeu a tentativa! Pode ser uma ginasta finalista de salto durante o resto desse ciclo se continuar acertando os saltos que já tem e, principalmente, se começar a acertar o amanar.

    Oksana Chusovitina não saltou muito bem. Teve erros grandes na reversão com pirueta e meia e chegou a anunciar um tsukahara com dupla pirueta, mas acabou fazendo apenas com pirueta e meia.

    Yamilet Peña errou o produnova, mas foi validado. Um dia dá certo!

    Decepção da final: a holandesa Chantysha Netteb lesionada. Essa menina é muito talentosa! Uma pena a lesão, deve ser uma ginasta muito importante para a Holanda nesse ciclo.

    Cavalo com alças
    Essa final foi muito disputada. Todos os ginastas acertaram a série, com exceção do australiano Prashanth Sellathurai, que teve uma queda logo no começo da série e tirou todas as chances que ele tinha de ser medalhista nesse aparelho.

    Alberto Busnari quase repetiu a nota das classificatórias, que o havia colocado em primeiro lugar. Mas, mesmo com a nota de 15.633, ele teria ficado apenas em 2º. Busnari acabou usando muita força nas tesouras á parada, e por isso teve descontos de execução. A série dele é muito arriscada mas, com certeza, a mais bonita.

    Max Whitlock teve a nota de partida mais alta, 7.200, mas nos exercícios com afastamento de pernas ele perde um pouco na execução. Mesmo assim conseguiu uma nota de 2º lugar, 15.633, empatado com o mexicano Daniel Corral. Muito feliz por Corral ter conseguido esse resultado!

    Robert Seligman fez a série mais limpa da final. O único erro maior que ele teve foi na saída de tripla russa, quando ele passou com as pernas nas laterais abaixo da altura do cavalo. Fora isso, série super limpa, saída cravada! Espero que ele aumente um pouco o grau de dificuldade. Merece uma medalha Mundial!

    A surpresa da final foi, sem dúvidas, Kohei Kameyama se classificando em último lugar e terminando com o ouro. Mas mereceu: aumentou a nota D da série em 3 décimos e teve execução próxima dos 9 pontos.

    Paralelas assimétricas

    Deu dó ver Yao Jinnan cair, ela tem uma série muito boa. Durante as preliminares e o individual geral, ela teve uma execução excelente e além de tudo trouxe um elemento que a maioria achava que ninguém mais ia fazer. Uma pena a queda, poderia ter sido campeã mundial tranquilamente.

    Huang Huidan aproveitou o momento e cresceu na final. Ela tem uma série muito bem montada, relativamente curta e eficiente. A ginasta não perde tempo no aparelho sendo despontuada com bobeiras. Bem legal essa ginasta ter ganho a competição, foi algo bem merecido. Huidan veio para esse Mundial para fazer apenas a paralela e saiu daqui com o melhor resultado possível.

    Kyla Ross estava tendo problemas nos treinos de paralela antes da final. Talvez por isso tenha entrado um pouco insegura e tendo alguns errinhos de execução que ela não costuma ter. De qualquer forma ela fez uma boa série, que não tem uma nota de partida tão alta mas é muito bem executada. Ela passa a impressão que pode fazer muito mais, e isso transparece para o público como se uma série de paralela fosse a coisa mais simples de se fazer.

    Aliya Mustafina fez uma série muito boa, gostei dela ter feito um elemento novo e, apesar de ter perdido uma ligação depois do pak, foi uma decisão inteligente de se tomar. Ela percebeu que estava meio "off" e soube corrigir a situação sem perder nada em execução. Mustafina é tão boa que trocou os voos no meio da série: era um voo vindo do stalder mas, como ela errou, trocou para o voo vindo do giro de sola. Infelizmente não cravou a saída e justamente por isso não terminou numa posição melhor. Mas, pelo que sabemos, ela e toda a delegação da Rússia passou por vários problemas de saúde antes desse Mundial, e depois do fiasco nas classificatórias, Mustafina está competindo muitíssimo bem, carregando a Rússia nas costas. Sozinha.

    Becky Downie e Ruby Harrold estão mantendo a tendência britânica de séries de paralelas criativas. Séries bem montadas e muito boas de assistir. Em especial, Downie tem uma execução bonita e foi muito decepcionante vê-la errar um exercício relativamente simples no fim da série.

    Sophie Shedder tem uma série bonita e muito técnica. Com certeza, Shedder se garante como um nome mais forte que Seitz nesse aparelho. A nota que recebeu poderia ter sido melhor.

    Simone Biles, só de ter entrado para essa final, já foi lucro. Tem uma série montada de acordo com suas capacidades, uma série eficiente. Ela dificilmente vai ter uma nota alta, mas cumpre o papel de finalista.

    Argolas

    Samir Ait Said fez uma série muito boa, mas ainda falta um pouco para chegar no nível de pódio em um Mundial. Pode ter sido prejudicado por ter sido o primeiro ginasta a se apresentar, talvez teria tirado uma nota melhor se fosse um dos últimos.

    Alexander Balandin impressionou pela postura, muito bonita, digna de russo. Elementos de força dificílimos, vindos da suspensão. Algo quase impossível para um humano! Rs... Na classificatória fez apenas uma saída C, e houveram rumores que se ele fizesse uma saída mais forte na final ele seria campeão. Fez a saída mais difícil e, com certeza, deixou todos os brasileiros apreensivos.

    Arthur Zanetti entrou logo depois do show de Balandin. Não fez o elemento que leva seu nome e, de cara, a nota de partida já seria um décimo mais baixa. Zanetti teve mais balanço de cabos que o normal mas é imbatível nas angulações dos exercícios de força. Além disso, ele sempre segura as posições nos 2" que o código pede e ás vezes até mais. A saída cravada foi essencial para os 15.800 que lhe rendeu o ouro nessa final.

    Yan Liu, o novo adversário chinês de Zanetti (ele sempre vai ter um adversário chinês!), pareceu estar ameaçando a posição do brasileiro durante toda a série, que realmente foi muito boa. Acredito que a saída prejudicou a nota do chinês. Perdeu um décimo do pulinho e pelo menos três décimos do tronco baixíssimo, quase beijando os joelhos! O que a China tem para falar dessa vez?

    Brandon Wynn fez uma série muito executada e ainda cravou a saída. Saiu comemorando muito e deu um pouquinho de medo, ainda mais sabendo que Wynn já ganhou do Zanetti uma vez, no Campeonato Pan-Americano de 2011. A nota D foi um décimo mais baixa que na classificatória, e a comissão técnica americana fez um pedido de revisão da nota, que foi negado.

    Van Gelder continua muito bem nesse aparelho. Costuma ter sempre problemas na saída, tanto que fez apenas saída C nas classificatórias, mas na final fez uma saída mais forte e acertou. Continua entre os melhores do mundo, e isso já é muito importante para um ginasta que já passou por tantos problemas.

    Kohei Yamamuro passou bem, mas não foi nada de excepcional. Os japoneses, no geral, ainda podem melhorar mais nesse aparelho. Classificou-se entre os últimos e ali continuou, apesar de já ter sido bronze no Mundial de 2011.

    Danny Rodrigues fez uma série dificílima, com as maltesas invertidas que levam seu nome. A série dele é muito legal de assistir, e ele teve grandes chances nessa final. Uma queda na saída decepcionou o público e, com certeza, o ginasta. Danny tem série para ser finalista mundial de argolas durante todo esse ciclo.

    Resultados completoshttp://gymnasticsresults.com/worlds/2013/antwerp.html
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    7 comentários:

    1. Parabéns a Kyla Ross pelo desempenho. Elegante e tranquila: é essa imagem que ela passa em seus exercícios. Já a Mustafina... para quem era apontada como a MEGA favorita...

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    2. tamara que martha karoly coloque maroney na final do solo.porque ela tem mais chances que ross

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    3. Mustafina é a ginasta mais elegante desse mundial sem dúvida! A postura dela no pódium é de uma lady, até o ar que ela respira parece ser mais leve além de ser super discreta. Foi se o tempo em que essas coisas contavam, tempo em que a ginastica era um esporte de beleza e plasticidade. Hoje é só de força e de quem salta mais alto, infelizmente!

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    4. Mustafina é chique de doer ,até quando viram a cara pra ela ela sai por cima, agora a Maroney também não fica atrás linda ,ganha e sai como se nada estivesse acontecendo!!

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    5. Vale a pena dizer que o Kenzo Shirai, ouro no solo, so tem 17 anos de idade e tem o unico quadruplo, vamos ver o que ele vai fazer no Rio...

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    6. Esse mesmo salto será feito pela Rebeca Andrade. Ela o faz com muita facilidade. Meu tio trabalha de auxiliar onde ela treina no menGo

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