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  • O que a ginástica reserva para 2016? - Parte 1


    Primeira parte da série "O que a ginástica reserva" de 2016. Seguiremos a regra de sempre: post sobre as oito melhores equipes de acordo com o ranking do último Mundial (se necessário mais um post de outros países relevantes) e os dois últimos posts sobre a seleção feminina e masculina do Brasil. Acompanhe!

    ESTADOS UNIDOS

    Lauren Hernandez

    É dona da coreografia de solo mais ousada da atualidade, criada por ela mesma. A jovem atleta tem muita personalidade e execução correta em praticamente tudo o que faz. Despontou sua carreira na ginástica em 2013, quando sagrou-se vice campeã nacional juvenil no individual geral. Perdeu grandes chances em 2014, por conta de duas lesões que sofreu quase consecutivamente: a primeira foi uma fratura na mão e a segunda uma ruptura no tendão da patela, resultado em seis meses de recuperação. Chegou em 2015 com sede de vitória e com upgrades em quase todos os aparelhos. Suas principais melhoras vieram nas barras, onde a ginasta tem uma série de 6.1 de dificuldade com muito boa execução, apresentando um Downie (stalder pra tkachev carpado) e uma excelente sequência de Ricna (stalder pra tkachev afastado) ligado diretamente a um Pak (passagem pra barra baixa). No salto, a ginasta realiza consistentemente um belo yurchenko com dupla pirueta. Na trave, o destaque vai para a belíssima extensão nos saltos ginásticos e ótima postura nas acrobacias, o que lhe rende notas próxima dos 15 pontos, mesmo tendo apenas 5.700 de nota de dificuldade. Mas é no solo que a nova sênior mostra sua força. Seu cartão de entrada é um altíssimo duplo twist grupado ligado um salto stag. Mantém boa postura e dificuldade na segunda passada, mortal esticado + Tarasevich (dupla pirueta frontal) + mortal pra frente grupado, rendendo 0.2 de bonificação. Todo essa força nos quatro aparelhos (principalmente na execução) garantiu à Hernandez o titulo nacional juvenil no individual geral em 2015. Alinhando sua boa execução a alguns décimos a mais de dificuldade, suas chances de conquistar uma vaga na equipe olímpica são grandes.



    Norah Flatley

    Da mesma escola de Shawn Johnson, muita precisão parece ser a principal característica dessa promessa juvenil que se torna sênior em 2016. Flatley não tem um individual geral muito forte, mas melhorou muito suas séries em pouco tempo. Apresenta um yurchencko com dupla pirueta no salto, uma série de barras assimétricas limpa e com potencial de evolução, um bom solo e uma excelente trave. Talvez seja nesse último aparelho que apareça alguma oportunidade de entrar na equipe. Atualmente, a trave talvez seja o aparelho mais fraco da equipe americana e Flatley tem potencial não só para a ajudar a equipe como para garantir uma possível final olímpica nesse aparelho. A ginasta fez um bom trabalho em Jesolo esse ano e, dentre as que se tornam sênior no ano que vem, fica ao lado de Hernandez como uma das principais concorrentes a um lugar na equipe americana.



    Gabrielle Douglas

    Depois de um hiato de 3 anos, Gabrielle Douglas voltou às competições oficiais em grande estilo. Conseguiu vaga na equipe americana que disputou o Mundial de Glasgow e terminou com a prata no individual geral, atrás apenas de Simone Biles, e ainda foi finalista de barras assimétricas. É tida por muitos como a principal adversária de Biles no individual geral, podendo ameaçar o ouro olímpico da ginasta fenômeno. Reza a lenda que a campeã pré-olímpica nunca consegue ser campeã olímpica! Será que Douglas pode conquistar o ouro olímpico em 2016? Apesar de já ter voltado muito bem esse ano, Douglas tem potencial para evoluir e ainda pode mostrar upgrades em suas séries. Não recuperou seu amanar no salto e pode conseguir séries de solo e assimétricas mais difíceis das que apresentou no Mundial. A diferença entre Douglas e Biles foi pequena, algo muito expressivo para quem ficou parada tanto tempo. A ginasta está numa forma física muito boa, tem a 2ª melhor série de barras assimétricas da equipe e, com tanto potencial e resultado, é certo que veremos Douglas novamente na seleção americana em 2016.



    Simone Biles

    Essa dispensa comentários. Seus resultados falam por si só: 14 medalhas em Campeonatos Mundiais, sendo 10 delas de ouro. A melhor ginasta do mundo na atualidade - e provavelmente a melhor da história, ao menos tccnicamente -, chega em 2016 como favorita ao ouro olímpico em pelo menos 4 das 6 finais em disputa na ginástica artística feminina. E mesmo conquistando tantos títulos, a ginasta norte-americana não se dá por satisfeita e tenta sempre se superar em relação à dificuldade de suas séries. O que ela apresenta atualmente em competição, apesar de surpreendentemente incrível, ainda não está no máximo de sua capacidade, o que leva a crer que essas não sejam as séries oficiais que ela apresentará nos Jogos do Rio no ano que vem. Ainda existem muitas cartas na manga, como um yurchenko com tripla pirueta (que poderá ser homologado por ela) e um cheng no salto (rondante, meia pirueta pra mesa, mortal esticado com pirueta e meia pra frente); um kip weiler com pirueta (espécie de oitava à parada pra frente com uma pirueta, ainda inédito em competições), uma passagem de Khorkina (oitava de costas com voo pra barra alta e meia pirueta) e uma saída de Fabrichnova nas barras (duplo com dupla grupado); na trave ela ainda treina um twist grupado, um mortal carpado para frente (que ela apresentou em competições nacionais em 2015) e uma complexa e inédita saída de duplo com dupla na posição grupada. No solo, ela ainda é capaz de realizar um Moors (duplo com dupla na posição esticada), um inédito duplo mortal com tripla pirueta (que provavelmente valeria I) e uma saída de duplo mortal esticado. Haja talento e fôlego!



    Margareth Nichols

    Provavelmente a maior revelação da ginástica artística feminina dos Estados Unidos em 2015. Chegou no Mundial de Glasgow com excelentes chances de garantir a segunda vaga da equipe para a final do individual geral. No entanto, sua oportunidade foi barrada pela forma como a equipe foi montada por Karolyi na fase classificatória da competição. Margareth não pode fazer barras assimétricas e a segunda vaga acabou ficando com Gabby Douglas, uma das 3 ginastas norte-americanas que no geral. Para se redimir da injustiça, Karolyi colocou Nichols nos quatro aparelhos durante a final por equipes e a atleta não desapontou em sua primeira participação em finais de Campeonatos Mundiais. Maggie está na categoria adulta desde 2014, mas devido a uma lesão no tornozelo perdeu sua primeira chance de fazer parte da equipe no Mundial de Nanning. Sua evolução desde então foi absurdamente incrível, sobretudo no salto e na trave, onde a atleta acrescentou ótimo upgrades, como um Amanar (yurchenko com dupla pirueta e meia) e um Grigoras (mortal grupado pra frente com meia pirueta). A ginasta também mostra bastante força no solo, com uma potente entrada de Silivas (duplo com dupla grupado), aparelho onde terminou com o bronze no Mundial esse ano. Suas chances de fazer parte da equipe são muito grandes, devido ao seu equilíbrio nos 4 aparelhos e consistência. Seu ponto fraco é a postura corporal nos elementos acrobáticos, principalmente na posição grupada.



    Alexandra Raisman

    Assim como Douglas, Raisman também esteve fora das competições oficiais desde 2012, quando fez parte da equipe olímpica campeã. Campeã olímpica também no solo, quase conseguiu uma vaga na final desse aparelho no Mundial, apresentando uma série com ótimas dificuldades e mostrando que os anos sem treino não fizeram nenhuma diferença em seu potencial acrobático. Voltou competindo em todos os aparelhos e com uma melhora considerável nas barras assimétricas, seu pior aparelho. Recuperou seu amanar no salto e fez o individual geral em Glasgow; entretanto, pela primeira vez errou. Marta Karolyi não se abalou e colocou Raisman para se apresentar na final por equipes, e dessa vez ela fez um excelente trabalho. Atualmente, é uma das melhores ginastas na trave, solo e salto, e não deixa outra opção para a equipe americana a não ser incluí-la nas Olimpíadas.



    Texto de Cedrick Willian e Stephan Nogueira.

    Foto: Ivan Ferreira / Gym Blog Brazil

    Esse é o primeiro texto de 2015 da série " O que a ginástica reserva". Todo fim / começo de ano faremos postagens sobre os maiores nomes que competirão no ano seguinte. O último texto será exclusivamente escrito sobre ginastas do Brasil.
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    11 comentários:

    1. Excelente texto inicial! Eu torço muito pela Lauren.
      Só um detalhe: a Raisman não conseguiu vaga na final de solo do Mundial, ficou fora pela regra do 2 por país.

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    2. Respostas
      1. Kyla Ross pode ser que não vá, ela só contribui na UB, a BB dela e bonita e firme, mas sem dificuldade, acho que eles não irão leva-la

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    3. Faltam muitas ginastas nessa equipe americana, Cedrick... Bailie Key, MyKayla Skinner, Madison Kocian, Kyla Ross, uma possível volta da Maroney...

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    4. Poxa vida vim seco procurar saber da Mckayla Skinner e nada,apesar dela não ter um artístico lindo assim como de nenhuma americana no solo, tem acrobacias fortes e espero que ela tenha uma oportunidade na equipe, apesar dela ser boa só no fx e vt, enfim, não acho que Douglas roube o reinado da 'Bius' ano que vem mas vamos assistir um excelente AA, ansioso pela espera do post do Brasil, quero muitooo saber da Rebequinha como está e estará ano que vem =), excelente texto, ótimos artigos sempre, forte abraço!!

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    5. Fazendo as contas aqui para os jogos olímpicos:
      Biles-não acredito em um triplo twist: Vt(6.3) 16:000; UB (15.000); BB (15.400); FX (15.900) = 62,3 (0,050 a mais que Douglas em Londres)
      Douglas: VT (15,766); UB (15,733); BB (15,500); FX (15,200) = 62,199
      Komova (se não errar-algo quase impossivel): VT (15,633); UB (16,000); BB (15,500); FX (15,100) = 62,233

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    6. Análise elementar sobre o time olímpico Americano. Quem estará na equipe:
      1. Simone Biles: ginasta fenômeno não tem como ficar de fora; Além disso pode contribuir com notas altas em 3/4 aparelhos.
      2. Gabriele Douglas: Segunda ginasta mais completas dos USA, podendo contribuir com altas notas em 3/4... Barras (ponto "fraco" americano), Salto (se recuperar o Amanar) e trave (os EUA não tem boas ginasta nesse aparelho);
      3. Maggie Nichols: Terceira Ginasta masi completa no USA pode contribuir com altas notas em 4/4 aparelhos...
      4. Raimasn: 3/4 aparelhos;
      5. Hernandez: 3/4 aparelhos;
      6. Kolcian: Reserva, 1/4 aparelhos.

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    7. A Komova pode elevar as notas nas assimétricas, mas nos outros aparelhos? Sei não... A Rússia tem que por fé na Mustafina, sem dúvidas. Não leva o ouro no AA nas Olimpíadas, mas entra na briga pela prata ou bronze com Iordache e Douglas. E arrebenta nas assimétricas. É a mais regular entre as russas.Embora outras americanas possa vir com tudo tbm. Nas assimétricas, apesar da evolução da Kocian, acho que vai dar Rússia ou China. As americanas venceram as russas nas assimétricas na final por equipes no Mundial (segunda vez, 2014 e 2015). No salto, a Paseka tá com tudo, mas algo me diz que ela não vai levar. Na trave e solo, Biles perde se quiser... Equipe olímpica americana tem como certeza Biles e Douglas. Kocian por conta do ouro no Mundial tbm. O resto é tiro , porrada e bomba...

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    8. Os EUA como sempre comercializa algo que era para ser não apenas utilitário (entrega de resultados), transforma uma tradição humana para com o corpo e de desafiar os próprios limites, em um mercado robótico de resultados. Biles não é exatamente uma ginasta artística, mas um resultado como a maioria das outras. é uma cultura de ''perdedor'' e ''vencedor'' ridícula que está vencendo mais e mais na ginástica artística mundial e não uma equilibrada combinação de técnica, dificuldade e artisticidade. Triste.

      Por mais perfeita e excepcional que Biles possa ser, ainda não será como uma ginasta ''humanizada'', que mostra toda a sua beleza, uma Podkopayeva que como poucas, soube mesclar os 3 requisitos que caracterizam este belo e difícil esporte. Falta sal nas americanas, sempre faltou, o esporte continua sendo um meio de propagar a superioridade do seu sistema e não fundamentalmente uma filosofia, de tez olímpica, onde que o mais importante ainda será o competir, por competir, cultuar o corpo, a beleza de seus movimentos bem como o fascínio humano de transgredir os próprios limites.

      Ainda que não possa em nada negar o enorme avanço no quesito técnico em conluio a paralela possível decadencia das principais escolas rivais e também a necessidade de diversidade de estilos ginásticos (escolas mais técnicas, mais ousadas e abusam da dificuldade e ou mais artísticas), o histórico cultural dos EUA inevitavelmente me faz realizar esta reflexão.

      Torço e sempre torci pela Rússia, mas não vejo grandes avanços. A Rússia parece estar numa situação difícil, entre manter sua tradição artística, de balé, e a de correr atrás de resultados, aumentando a dificuldade e tentando produzir rotinas perfeitas. Os reais resultados até agora não são muito bons.

      Gosto muito da Komova, a acho a ginasta mais completa do ciclo passado e a deste também, apesar dos resultados parcos. Logo no início de sua promissora carreira, ela foi descaradamente roubada, no mundial de 2011 e nas olim-piadas de 2012. Isso é pra abalar até a mais fria das ginastas da cortina de ferro.

      Mustafina por sua vez não foi mais a mesma desde a sua lesão. E tenho o palpite que o tique pós traumático se localize justamente em suas piruetas, especialmente a tripla. Escusado será especular que foi justamente num Amanar que ela se contundiu.

      Vejo Mustafina tomando parcialmente o caminho de uma Gogean, que no final de sua carreira começou a manipular o código de pontuações ao invés de tentar continuar com a sua ginástica.

      Os roubos e a politicagem na ginástica são flagrantes. Parece não haver limites, está tudo entregue a corrupção. Isso explica por exemplo a nota muito aquem do merecido de Komova em seu último aparelho, o solo, onde que com certeza lhe presentearia com um ouro no geral, bem merecido.

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      1. kkkkk..."Komova atleta mais completa desse ciclo". 2060 chega logo, quero parar de rir.

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