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  • O que a ginástica reserva para 2016? - Parte 4


    RÚSSIA

    Natalia Kapitonova

    Provavelmente a melhor revelação juvenil da Rússia em 2015, e chega em 2016 com chances reais de integrar o time olímpico, especialmente por conta da sua força em dois aparelhos: barras assimétricas e trave. No primeiro aparelho, não economiza em precisão e polidez na execução dos movimentos. Sua série contém uma série de giros na posição stalder, a principal 'arma' da equipe nas barras, e pode ser facilmente dificultada no futuro, já que a jovem atleta mostra facilidade ao realizar a série de dificuldade 6.5. Por enquanto, seu ponto forte na trave é a ótima postura corporal em quase tudo que realiza, já que sua série é relativamente simples (nota D máxima de 6.0) e consideravelmente inconsistente. No salto, realiza um belo yurchenko com pirueta, que pode futuramente se tornar uma dupla devido a facilidade com que realiza. O solo é o seu aparelho mais fraco, tendo como maior dificuldade a sequência de dois flics sem mãos ligados indiretamente a um duplo mortal grupado.



    Angelina Melnikova 

    Talvez seja, ao lado de Seda Tutkhalyan, o nome da renovação no ciclo para a equipe russa, que curiosamente continua dependendo e muito de suas veteranas remanescentes do quadriênio passado. Campeã europeia juvenil aos 14 anos no individual geral, Angelina é uma ginasta bastante consistente, além de mostrar um ótimo potencial em todos os aparelhos. Em 2015, passou algum tempo afastada das competições por conta de uma lesão que a tirou, inclusive, da disputa pelo Festival Olímpico da Juventude Europeia (dominado pela Rússia – ao lado da Bélgica – mesmo com desfalques). Seus aparelhos mais competitivos são barras (stalder carpado com pirueta + Komova II + Pak, Van Leeuwen, stalder carpado 1/2 + Jaeger carpado) e trave (cortada anel, flic + flic + mortal esticado, duplo carpado de saída). No solo e no salto, apesar de apresentar uma base deficiente de piruetas, mostra elementos com bom grau de dificuldade: no primeiro, Tsukahara carpado, sequência indireta de whip + whip e duplo grupado e duplo giro em L ligado com giro simples em Y; no segundo, um bom DTY, mas com certo desalinhamento/separação de pernas.


    Maria Paseka

    Sem sombra de dúvidas foi a ginasta russa que mais surpreendeu o mundo no ano passado. Com uma evolução absurda na execução de seus saltos, sobretudo a aterrissagem de seu até então inconsistente Amanar, a experiente ginasta sagrou-se campeã européia e mundial no aparelho onde ela é especialista. No entanto, seu principal problema postural ainda existe em seus saltos: a entrada pra mesa tem as pernas muito afastadas. Nas barras, também vem mostrando bastante força, com uma série curta, dinâmica e execução bastante limpa, onde consegue ligar até seis elementos seguidos, garantindo um 6.300 de dificuldade. Lembrando que ela conta com um elemento de valor B na soma da dificuldade e ainda tem possíveis cartas na manga, como uma ligação de Markelov + Gienger. Em 2015, foi bastante modesta na montagem de sua série de solo, apresentando apenas 5.600 de dificuldade em seu melhor. Vale salientar que em anos anteriores ela já realizou acrobacias muito difíceis, como um duplo mortal esticado e dois flics sem mãos ligados indiretamente à uma tripla pirueta.



    Ksenia Afanasyeva

    É quase como uma fênix: quando todos pensam que não tem mais fôlego pra continuar, aparece melhor do que nunca. Sofrendo periodicamente com uma lesão crônica no tornozelo desde 2012, ainda tem físico pra sagrar-se campeã européia, universitária e medalhista mundial no solo, além de ter conquistados resultados importantes no salto desde 2013, quando finalmente aprendeu a saltar o complexo Amanar. Nas mesmas ocasiões, mostrou o até então inédito (pra ela), e muito bem executado, salto Lopez. Cartas na manga é o que não faltam para essa bela ginasta, que treina um tsukahara esticado no solo, um salto stag ligado diretamente a sequência da tripla e uma pirueta a mais no mortal da sequência da terceira diagonal. Lembrando que sua série atual de solo já tem um excelente 6.4 de nota de dificuldade. Afanasyeva está na categoria adulta desde 2007, o que faz dela a ginasta russa mais experiente da atualidade.



    Aliya Mustafina

    Depois de tanta incerteza e indecisão, algo que mexeu com o coração dos fãs toda vez que falava em alguma entrevista, Mustafina realmente ficou fora do Mundial de Glasgow. Com uma lesão nas costas acabou fora da equipe, fato que pode ter prejudicado a mesma, que acabou fora do pódio nessa final. Isso porque a ginasta é extremamente competitiva, acerta suas séries quando precisa e consegue colocar a equipe pra cima. Quando Aliya está por perto, dá a impressão que as ginastas ficam mais seguras e a postura de todas mudam. Todos queriam ver Aliya competindo em Glasgow, principalmente porque ela mostrou muito evolução no começo do ano passado, mais ainda se comparada aos anos de 2013 e 2014. Em Baku, foi a ginasta mais condecorada da competição: ouro por equipes, individual geral e barras assimétricas, finalizando com uma prata no solo. Apresentou uma série limpíssima nas assimétricas partindo de 6.5, além de uma nova acrobacia no solo, um belíssimo duplo esticado. No salto continuou com o yurchenko com dupla pirueta, que tem falhas de execução no primeiro voo mas consegue boa altura. Na trave tem uma série com ligações inteligentes e que sobem sua nota D, mas qualquer erro, desequilíbrio e dúvida podem colocar a nota em xeque. Esperamos que Aliya esteja pronta e com a saúde 100% para colocar mais emoção nos Jogos Olímpicos.



    Viktoria Komova

    2015 realmente marcou a volta dessa ginasta, que não competia em Mundiais desde 2011, quando foi prata no individual geral em sua estreia na categoria adulta. Por sua inconsistência nos nacionais, ficou uma dúvida se realmente estaria na equipe que competiria em Glasgow, mas suas chances de ser medalhista nas barras assimétricas acabou por colocá-la na equipe. O fato se concretizou e realmente Komova teve um ano bom, esse que foi finalizado com o ouro nesse aparelho ao lado de outras 3 ginastas. Foi brilhante na classificatória do Mundial, pontuando muito bem nos 3 aparelhos que se apresentou (ficou fora do solo). Como mostra seu histórico de competições, nunca consegue agarrar todas as chances que aparecem na sua frente: na final por equipes errou na trave e nas barras quando poderia ter evitado a perda do bronze, e na final de trave também errou, onde poderia ter conquistado uma medalha individual. Mesmo sem ter competido solo no Mundial, a ginasta mostrou evolução nesse aparelho em Baku, apresentando novas acrobacias (um duplo esticado) e retomando sequências antigas. Na ocasião, Komova não conquistou vaga em nenhuma final individual por conta de uma regra exclusiva dos Jogos que diz que cada país só pode ser representado por um ginasta nas finais.



    Post de Cedrick Willian, Stephan Nogueira e Bernardo Abdo.

    Esse é o quarto texto de 2016 da série " O que a ginástica reserva". Todo fim / começo de ano faremos postagens sobre os maiores nomes que competirão no ano seguinte. O último texto será exclusivamente escrito sobre ginastas do Brasil.

    Foto: Ivan Ferreira / Gym Blog Brazil
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    7 comentários:

    1. Mustafina: acredito que ela vai vim bem forte para o Rio, com certeza dificultara as Barras e o solo, manterá a serie de trave com algumas atualizações , e a curiosidade de todos é : SERA QUE ELA VOLTARA COM A O AMANAR? tenho impressão que depois da lesão por causa desse salto, tanto ela quanto os técnicos ficaram receosos, e pode ser que esse trauma interfira na atualização do salto.

      Marcos Santos

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      1. A lesão no Amanar parece ter causado ou é muito provável de ter causado um bug na cabeça da Mustafina, resultado = piruetas muito mal executadas.

        Se a equipe técnica russa fosse mais sábia, daria um jeito de tirar exercícios com piruetas, principalmente no solo, por exemplo, a tripla pirueta, muito feia, desde a lesão em 2011.

        Mas por outro lado é difícil tirar da ginasta aqueles exercícios que ela já pratica desde sempre.

        Mustafina voltou bem, mas para competir com as outras ginastas, ela terá de fazer umas mágicas, inclusive dentro da equipe. A série de barras dela de 2013 era muito boa, por que não voltar**

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    2. O que tudo indica a Rússia virá com mesma equipe de Londres, exceto Grishina que pode ser substituída pela Melninkova, ela parece ser boa opção. Será uma bela briga pela prata no TF.
      Espero que Komova, Mustafina, Douglas e até Iordache dificultem suas séries, assim teremos um AA disputadíssimo do 2 ao 5 lugar.

      Obrigado pelos ótimos posts. Ficaremos no aguardo das partes 5 a 12 pra então chegar na Romenia. (kkkkkkkk brincadeira ♥)

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    3. Gymlia de fato as piruetas de Mustafina não são bem executadas, No meu ponto de vista foi por causa dessa postura que ela se lesionou em 2011.

      Porem ela não ira abandonar essas piruetas, acredito que ela vai vim forte no solo com uma nota de partida acima de 6.4 devido ao Duplo esticado, tempo+tempo double aribian, dupla pirueta e meia + pirueta, tripla pirueta. Mas o Amanar acho difícil, contudo seria importante ela recupera-lo para brigar por medalha no AA.

      Marcos Soares

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    4. A série de barras dela de 2013 foi a mais mal montada da carreira dela inteira. Riscos desnecessários pra chegar na mesma nota de dificuldade da série olímpica, que ela fazia com tranquilidade a anos.

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    5. Melnikova será a próxima Komova. Eu vejo tantas similaridades. Se ela manter a cabeça no lugar e o corpo fora de lesões, será maior. Em 6 meses um amanar. A série de trave e barras super difíceis, bem executadas e consistentes (com espaço para upgrades). O solo tem muito melhorar. Eu pessoalmente até gosto do Tsuka carpado dela, melhor que de muitas romenas e se não me engano ela já fez whip-whip-flic pra tripla. Mas eu não tenho dúvidas que no próximo mundial será a campeão do AA. Infelizmente não figurou na equipe olímpica. Seria bem melhor que a Spiridonova, pois tira acima dos 15 na barras, e melhoraria, sob o treinamento pré-olímpico, até lá. E ajudaria bastante na trave, com chance até de final. Talvez saisse um Amanar, porco, mas sairia. Até agora não entendi o que a Rússia quer colocando três especialistas nas barras, e deixando espaço na trave e no solo, que a Melnikova poderia preencher bem. Talvez até a doida da Seda. A Afana já mostrou que pode ajudar na trave, mas será que ainda consegue? E o solo da Komova não sei se sai consistente para se arriscar em um TF, mesmo com esse duplo esticado, que estava baixo. Eu ainda tinha esperança de uma prata, mas agora, com sorte ainda levam um bronze, e olhe lá.

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    6. Segundo Valentina Radionenko, Angelina Melnikova está partindo de 6,7 D nas Paralelas e na Trave de Equilíbrio.

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