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  • O que esperar do Brasil em Montreal?


    O Brasil chega em Montreal com apenas cinco atletas, metade da possibilidade máxima de envio de atletas para o Mundial. Foi uma boa escolha? Sinceramente ainda não dá para opinar sobre isso. A nova gestão da ginástica artística brasileira está empenhada em fazer cumprir um combinado restrito de seleção de atletas. E, na opinião dessa nova gestão, apenas os cinco selecionados possuem séries suficientes para competir em um Mundial de especialistas.

    Caio Souza, Arthur Zanetti, Arthur Nory, Rebeca Andrade e Thais Fidelis foram os selecionados. Francisco Barreto também esteve dentro do seleto grupo mas se lesionou durante os treinos no Brasil. Flávia Saraiva, que ainda não havia sido selecionada mas que não tinha motivos para ficar de fora, também se lesionou. Daniele Hypólito também poderia estar dentro, mas acabou com um contrato para um reality show.

    A esperança de continuidade do sucesso que a ginástica brasileira vem conseguindo nos últimos anos fica então nos ombros desses cinco atletas. Todos possuem habilidades e possibilidades que, se forem bem trabalhadas, principalmente a parte psicológica, podem acabar em bons resultados.

    Caio Souza

    O começo do ciclo de Caio Souza pode ser excepcional. Cortado dos Jogos do Rio, onde o foco era medalhas, Caio não perdeu a vontade de representar o Brasil e continuou treinando forte. Hoje é, sem dúvidas, o melhor "all-arounder" da seleção, tanto que vai ser o único representante do Brasil nessa prova. E as chances de continuar representando o Brasil até 2020 são grandes!

    Com potencial para passar dos 85 pontos no individual geral, luta - e as chances são reais - para figurar no top 10 nessa final, o que seria o melhor resultado da sua carreira. Caio precisa na arena com muita garra, acertar o máximo que puder e deixar os erros para os outros. Ainda tem chances de final na paralela, onde tem uma série bem difícil e muita limpeza, podendo até ultrapassar os 15 pontos.

    Arthur Zanetti

    Para esse Mundial, uma excelente estratégia: focar apenas na série de argolas. Zanetti passou por uma cirurgia após os Jogos Olímpicos e não poderia ir para Montreal "perdendo tempo" com outros aparelhos. Desde 2009, Zanetti está presente em todas as finais mais importantes do Mundo - exceto pelo Mundial de 2015 -, e dessa vez não será diferente. O único obstáculo que Zanetti tem é ele mesmo, fora o tempo que ficou parado se recuperando da cirurgia. Esperar um ouro de Zanetti, nesse momento, é forçar um milagre de um atleta que provavelmente ainda não se encontra 100% como antes. Mas, mesmo assim, um pódio continua sendo possível.

    Arthur Nory

    Competindo apenas solo e barra fixa, aparelhos que são seus pontos fortes, Nory pode superar seu melhor resultado em Mundiais, que foi um 4° lugar na barra fixa no Mundial de Glasgow em 2015. Está com uma série surpreendente na barra fixa e com uma execução muito limpa. A série é difícil mas muito segura, e realmente coloca Nory como um forte concorrente à medalhas nesse aparelho. Vale a torcida para ele aqui! Arrisco dizer que essa é a maior chance de medalha da nossa seleção masculina em Montreal.

    No solo, apesar de estar com uma série muito limpa, não tem nota D suficiente para bater de frente com os melhores como fez nos Jogos do Rio. Na ocasião, arriscou tudo que tinha, e Nory tem muito para arriscar. Mas, no início de um ciclo olímpico, o mais sábio a se fazer é segurar um pouco e não forçar além da conta. Assim pode figurar entre os oito melhores e, numa situação como a dos Jogos Olímpicos, conquistar uma medalha.

    Rebeca Andrade

    Rebeca pode ganhar os holofotes nesse Mundial. Sempre com muito potencial e uma pitada de azar, Rebeca já poderia ter conquistado muitos resultados na ginástica. Esse ano, quase teve um novo problema com lesão, mas conseguiu ser recuperar a tempo de, pelo menos, competir no salto sobre a mesa, aparelho onde possui chances reais de medalha em Montreal, e nas barras assimétricas. Com a média internacional mais alta do ano no salo (14.800), tem uma limpeza diferenciada com relação às outras saltadoras. Seus saltos são os mesmos com que Simone Biles medalhou nesse aparelho entre os anos de 2013 e 2015, e a execução, principalmente do lopez, é muito parecida.

    Nas barras assimétricas tem boas ligações e alto grau de dificuldade. Não é favorita a uma final, mas ela pode acontecer. Fora isso, não há nenhuma notícia sobre uma série de solo, e a expectativa para que ela faça solo é alta: com seu solo mais simples, Rebeca se colocaria como uma forte candidata ao top 5 no individual geral, podendo realmente figurar no pódio dessa final. Provavelmente seria a única ginasta "all-arounder" a competir com um amanar esse ano, o que já a colocaria como uma das favoritas.

    Sabe o que mais Rebeca precisa? De alguém que a convença do potencial que ela tem. Uma diretoria que a faça lutar para ser a melhor que ela puder! Espero que o Marcos Goto esteja indo por esse caminho. Rebeca nunca foi uma ginasta para apenas "passar bem" pelos aparelhos.

    Thais Fidelis

    Finalmente chegou o ano em que Thais entrou para a categoria adulta. Uma das juvenis mais esperadas para estrear em Mundias, é bem provável que não vá decepcionar: Thais tem chances de finais no solo, trave e individual geral. Aumentou a nota D de sua série de barras assimétricas - seu pior aparelho - e consegue boas notas D na trave, solo e salto. Espera-se que ela consiga saltar o yurchenko com dupla para aumentar ainda mais as chances de um top 10 no individual geral.

    A maior chance de final e medalhas da Thais está na trave, aparelho onde já apresentou nota D 6,7! Com sequências acrobáticas de respeito e saltos de dança impecáveis, a torcida é para que ela fique em cima da trave. Sem quedas do/sobre o aparelho, as chances de finais são quase garantidas. Entrando na final, o foco é segurar o nervosismo e fazer uma passagem sem quedas. Dessa forma, tudo pode acontecer!

    As classificatórias do Mundial começam amanhã e você confere todos os detalhes clicando aqui.

    Post de Cedrick Willian

    Foto: Ivan Ferreira / Gym Blog Brazil / MeloGym
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