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  • Um Mundial pautado por Simone Biles


    É impossível não comentar, mais uma vez, sobre o fenômeno que é a ginasta Simone Biles. Incrivelmente ela pontua, pela primeira vez internacionalmente sob o novo código de pontuação, na casa dos 60 pontos no individual geral, numa disputa que poderia ser considerada até injusta: não existe no mundo ginasta que atualmente apresente ginástica para bater de frente com ela. A campeã mundial do individual geral, salto e solo já é praticamente definida em qualquer competição que ela esteja.

    Sem desmerecer o trabalho dos outros treinadores americanos e suas respectivas ginastas, a atual equipe americana, sem Simone Biles, é uma equipe suscetível a erros e sem o ouro garantido como foi durante anos e anos. Simone parece ser a única entre elas que ainda carrega, além do talento exagerado, algo da antiga escola americana: um poder adquirido de invencibilidade, uma atitude psicológica tão forte que você sentia só de olhar e que aparentemente elas perderam.

    Nesse ponto de vista exclusivo, o Mundial seria até mais interessante, competitivo e disputado: décimo a décimo, as campeãs por equipes, individual geral e por aparelhos seriam definidas. Analisando as notas que os Estados Unidos receberam, teríamos de volta uma final por equipes bem emocionante, já que com Simone a equipe consegue cerca de seis pontos a mais. É muita coisa.

    As únicas finais que continuam concorridas pelo ouro, mesmo com a presença dela, são as finais de trave e assimétricas. Nessas duas finais a ampla concorrência pelo título ainda continua, mas isso não significa que ela não possa ser a campeã: o nível técnico dela está altíssimo nas assimétricas - inclusive está classificada até o momento em segundo -  e sua trave é muito cravada. Ou seja: Simone pode sair desse mundial com o ouro em todas as finais.

    Dessa forma faria história, já que isso nunca aconteceu em Campeonatos Mundiais. Quem chegou mais perto disso? Larissa Latynina no Mundial de Moscou, em 1958, quando foi campeã geral, salto, barra, trave e prata no solo. Para termos noção do quanto isso é difícil de acontecer, é só somar o tempo que separa as duas ginastas, cada uma ícone de seu tempo: 60 anos!

    Existe um outro recorde que é certo que ela vai quebrar: será campeã mundial no individual geral pela quarta vez (superando a russa Svetlana Khorkina) e campeã de solo pela quarta vez (superando a romena Gina Gogean).

    O momento agora é de aproveitar e assistir essa ginasta o máximo que pudermos enquanto ela se dispõe a colocar seu talento a favor da ginástica. Hoje ela homologou mais um elemento dentre tantos outros que sabemos ela ser capaz de fazer. Sem pressão nenhuma e sem ter que provar nada a ninguém, se classifica para todas as finais em Doha. É bem provável que ela "just wanna hit four for four and have fun!".

    Post de Cedrick Willian
    Foto: Aberlado Mendes Jr / rededoesporte.gov.br

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