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  • Jogos de Tóquio: final individual geral masculina


    Mais uma final masculina muito disputada. É sempre impressionante o alto nível técnico das finais masculinas, especialmente nos Jogos Olímpicos. Quando a competição vai se aproximando, vamos acompanhando os nacionais e demais competições e as impressões são sempre as mesmas: quem vai vencer os Jogos?

    Isso aconteceu esse ano, especialmente com China, Rússia e Japão. Analisando o que as equipes apresentaram esse ano, a China se mostrou superior como equipe apesar de não ter levado o ouro. Japão e China mostraram uma renovação surpreendente: China com Zhang Boheng, que infelizmente não foi selecionado para os Jogos, e Japão com Daiki Hashimoto, que acaba de ser campeão olímpico no individual geral com apenas 19 anos em sua primeira participação.

    Daiki Hashimoto apresentou um solo limpíssimo. Cavalo com alças muito dinâmico e com elementos originais, sem usar força na saída e muito bom de assistir (15.166). Tem nas argolas o seu ponto fraco e que precisaria evoluir para finais mais tranquilas. Apesar disso, compensa muito bem a nota baixa no salto, paralela e barra fixa. Nesse último pode ser campeão olímpico no lugar de Kohei Uchimura, repetindo uma história que vimos durante muitos anos.

    Mesmo que a aposta do blog estava em Sun Wei (CHN), quem levou a prata foi seu compatriota Xiao Ruoteng. Ambos tiveram uma briga forte no all-around nos nacionais, com Ruoteng mais constante em acertos. Wei competiu com o punho lesionado e mesmo assim conseguiu um brilhante quarto lugar. A prata de Ruoteng veio com performances muito sólidas; não fosse a penalidade de 0.3 na barra fixa teria colado em Hashimoto e dado uma distância maior de Nagornyy. Nagornyy e Ruoteng sem enfrentam novamente na final de solo, única final restante para o chinês.

    O russo Nikita Nagornyy perdeu o ouro no início da competição, quando saiu fora do solo duas vezes com uma série abaixo do esperado. Nesse momento já era uma dúvida sobre como sua nota iria prosseguir até o momento antes da barra fixa, já que os 14.800+ nesse aparelho é um dos pontos fortes do seu all-around. A verdade é que Nikita lutou e muito para estar no pódio: a ansiedade pela nota final na barra fixa era realmente para saber se terminaria com a prata, porque Hashimoto, só de acertar a barra fixa, teria o ouro garantido.

    Diogo Soares também teve uma ótima estreia, com uma dupla no salto muito limpa, com altura suficiente para evoluir para uma dupla e meia. Ainda tem séries simples na paralela, mas a execução dá gosto de ver. Esse é um aparelho para crescer e evoluir seu all-around; a mesma coisa acontece na barra fixa, onde passou uma série toda cravada. Repetiu uma série brilhante no solo, onde já poderia apresentar uma série mais difícil dada a facilidade com que finaliza suas acrobacias. Uma nota D mais alta com essa execução e o Brasil volta às finais mundiais de solo masculino. Infelizmente Diogo não tem as melhores condições de treino em sua cidade, mas esperamos que a participação olímpica e visibilidade traga investimentos em Piracicaba (SP). No cavalo com alças é onde tem a série mais simples e competiu com erros na saída, não deixando de ser impressionante a tranquilidade com que ele compete esse aparelho. Finalizou na argolas, mantendo a limpeza e cravando o duplo com dupla de saída. Com 81.198 conquistou a 20ª colocação, nos dando a esperança de que no futuro teremos outro all-arounder top 10 por aqui. 

    Caio Souza começou nas argolas muito forte, dando a impressão que pode até desenvolver como especialista nesse aparelho. Pisou fora da linha no salto por conta de um desvio de direção, uma penalidade de 0.3 para ser corrigida para a final desse aparelho. Fez uma boa paralela, que contém largadas com boa altura e muita segurança em uma série difícil. Acabou errando novamente o adler com pirueta na barra - mesmo erro da classificatória  - e perdeu o ritmo da série, ocasionando uma nota baixa. Uma queda no solo e outra chegada ruim acabou diminuindo as posições de Caio, que finalizou com outra queda no cavalo com alças. Finalizou em 17º com 81.532, nota que poderia ter passado dos 84.300 somando os erros e penalidades óbvios de sua competição. Caio vem melhorando muito e está de parabéns, participando de uma final que é, segundo o consenso da maioria, a mais difícil da ginástica artística.

    Outros destaques: Sam Mikulak (USA) participando de sua terceira edição olímpica; Artur Dalaloyan (RUS) competindo fora dos seus 100% e terminando em 6º; o taipei Tang Chia-Hung surpreendendo a todos com séries belíssimas (nota E mais baixa foi de 8.600 nas argolas) e finalizando em 7º; Milad Karimi (KAZ) liderando o solo com 15.066 e mostrando que vem forte para a final desse aparelho.

    Previsão GBB - 1. Nagornyy / 2. Daiki Hashimoto / 3. Sun Wei. Na trave.

    Resultados completos clicando aqui.

    Texto de Cedrick Willian
    Foto: Thomas Schreyer

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