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  • Jogos de Tóquio: final individual geral e Rebeca medalhista olímpica


    Foi para esse momento que os fãs de ginástica viveram. A vontade de sentir esse frio na barriga demorou muito tempo, e o tempo não é sobre os últimos Jogos Olímpicos ou a última final que o Brasil participou: é sobre a Rebeca inteiramente saudável numa final! O sentimento de hoje é o todos queriam sentir com ela no Mundial de 2015, nos Jogos de 2016, no Mundial de 2017, 2018 e 2019. Uma ginasta tão talentosa como a Rebeca só não deu esse frio na barriga antes por conta das lesões.

    As medalhas anteriores não vieram, mas o que o futuro preparava era ainda mais brilhante: uma medalha olímpica! Estamos orgulhosos porque finalmente um resultado físico e simbólico, representado numa medalha, finalmente chegou para traduzir e mostrar para o Brasil e o mundo inteiro o potencial e talento que ela tem. É consenso entre a maioria que em uma Rebeca saudável continha as maiores chances do Brasil em conquistar medalhas durante o ciclo que finaliza. Os resultados que ela tinha, até agora, são muito pequenos perto de tamanha grandiosidade.

    Com melhor cheng no salto, barra com ligação completa para a nota D de 6.3, trave segura e solo ao som de baile de favela, Rebeca não perdeu o ouro: ela conquistou a prata! Fez uma competição incrível, muito fria e tranquila, onde cada ponto contou para que ela pudesse chegar no solo com condições de ser medalhista mesmo com duas penalidades. O orgulho não cabe no peito para um feito histórico e incrível!

    Emoção à parte, vamos falar sobre técnicas: nota E de 7.966 para uma série de trave cravada como Rebeca fez? Uma série muito superior do que a que foi executada na classificatória e uma nota bem mais baixa. Você pode dizer que a banca mudou da classificatória para a final. Sim, realmente mudou, mas o código é o mesmo. O Comitê Técnico Internacional da Ginástica Feminina precisa reavaliar o código de pontuação para o próximo ciclo porque, de verdade, essas notas estão beirando o ridículo. Não dá para entender para onde querem levar as séries de trave. A nota E de barras também foi duvidosa.

    Dito isto, estamos todos muitos feliz com essa conquista. Rebeca era A ginasta da final e sorte das concorrentes que ela tenha pisado fora do tablado. A disputa dessa final era entre ela e ela mesma, e nessa disputa a medalha veio. O efeito cascata que vem junto disso só faz bem para a nossa ginástica: o COB direciona investimentos internos para ginástica; a CBG atrai mais patrocinadores; a mídia entrega mais espaço em reportagens e campeonatos; o esporte é amplamente divulgado; a procura das crianças aumenta e isso gera recursos para os clubes e uma maior captação de talentos. Essa medalha significa MUITO!

    Feliz pela Sunisa Lee, que também tem uma história bonita e foi coroada campeã olímpica. Dava para sentir que ela também carregava o peso da bandeira americana: desde 2004 todas as campeãs olímpicas são americanas. O ouro all-around e por equipes já estava garantido com Simone Biles, que agora não está competindo. O ouro por equipes já estava perdido. E o ouro all-around, como ia ficar? Ela conseguiu e está de parabéns. Ainda acertou a série de barra mais uma vez, fazendo ótima campanha para a final desse aparelho.

    Angelina Melnikova provou que a maturidade e experiência podem ser mais importantes que o talento. Essa russa é uma máquina, de verdade. É impressionante que ela esteja tão inteira em mais um ciclo olímpico, assumindo suas responsabilidades ao invés de deixar na mão das talentosíssimas Viktoria Listunova e Vladislava Urazova, que devem ajudar a Rússia a fazer um ciclo de sucesso. Força pra Melnikova, esperamos que ela continue forte até Paris 2024.

    Resultados completos aqui.

    Texto de Cedrick Willian
    Foto: Gaspar de Nóbrega / COB

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