Quais as funções do COB, CBG e clubes de ginástica do Brasil?

Acredito que esse texto seja esclarecedor para muitas pessoas. Talvez até uma orientação para saber de quem cobrar as atitudes necessárias para que a nossa ginástica evolua. Sempre questionamos e cobramos ações mais efetivas dos órgãos que regem a nossa ginástica e por vezes nem sabemos qual a função de cada um. Você pode até questionar e ser contra a função que exercem (ou deveriam exercer), mas ela já existe e talvez você não saiba.

Por muito tempo, no meu lugar de questionamento aqui nesse espaço, não soube de quem cobrar ou mesmo por onde começar essa cobrança. Na minha função de educador físico, treinador, árbitro, dono de uma escola e membro atuante na ginástica e Federação do meu estado, precisava também saber as minhas responsabilidades. O que posso fazer para evoluir a ginástica do Brasil? Se é difícil estabelecer limites e responsabilidades estando inserido no esporte, é de se imaginar que para os fãs e jornalistas talvez seja mais difícil ainda. Vale lembrar que o foco das análises é sobre a modalidade ginástica artística.

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB)

O COB é o responsável pelo alto rendimento da ginástica do Brasil. E alto rendimento entende-se por atletas adultos e juvenis. Então, logo de cara, já entendemos que a responsabilidade da base e do desenvolvimento não está diretamente ligado ao comitê, apesar de quem muitas ações que o COB realiza atualmente com os treinadores contribuam para a evolução da nossa base esportiva.

Como responsável pelo alto rendimento, nos últimos anos o COB proporcionou ao país elementos que faltavam para a ginástica e que por muitos anos foram motivos de descontentamento da maioria dos dirigentes da seleção. Não tínhamos, por exemplo, um Centro de Treinamento de Ginástica, e o que temos hoje é considerado um dos melhores do mundo. Com acesso à nutricionistas, médicos, preparador físicos, massoterapeutas, fisioterapeutas e uma infraestrutura completa, os treinos da seleção se desenvolvem da melhor forma possível. A saúde dos atletas estão sempre em monitoramento, com novas tecnologias e prevenção de lesões. Possibilidades de lesões são detectadas antes delas de fato acontecerem e cirurgias são adiadas o máximo possível.

Temos o treinador da ginástica feminina Francisco Porath, o coreógrafo Rhony Ferreira, o treinador da ginástica masculina Marcos Gotto e o head coach da seleção feminina Valeri Liukin, todos oferecidos pelo COB. Fora isso, tem também todo o suporte dado para a realização dos camps, como passagens, transporte, alimentação e estadia de treinadores e atletas convocados.

A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG)

Segundo consta no próprio site da CBG, sua missão é “administrar, fomentar e expandir a prática da ginástica em todo o território nacional, contribuindo para o desenvolvimento da cidadania e da ginástica brasileira ao nível de excelência esportiva mundial”. No site também possui um mapa estratégico, como se fosse um plano de ação, bem interessante para quem quiser visualizar.

No sentido da missão e do mapa, a CBG é quem fomenta a ginástica do Brasil. Cuida da base da ginástica, da formação de novos treinadores – especialmente os de base -, busca novas parcerias e patrocinadores, defende e gerencia atletas, detecta talentos, protege atletas, divulga o esporte, gerencia as Federações Estaduais para que elas colaborem com a missão da Confederação. No caso, aqui implica também em responsabilidade para as federações estaduais, que devem trabalhar arduamente para que essa missão aconteça. Um país enorme como o Brasil precisa de dirigentes estaduais empenhados para que a ginástica evolua.

Atualmente, a CBG melhorou algumas coisas nesse sentido, e as mais relevantes, para mim foram: manter a Caixa como patrocinadora durante tanto tempo, especialmente após vários escândalos; melhorias nas redes sociais da CBG, que agora são mais interessantes e próximas do público; velocidade nas notícias, postagens e resultados de competição, algo que, modéstia a parte, esse blog fez por muitos anos melhor do que a Confederação; transmissão ao vivo dos campeonatos nacionais através das redes sociais. A Confederação ainda mantém a treinadora Yirina Iliashenko como treinadora da seleção feminina de ginástica.

Uma das melhores ações foi a criação do canal de ética da Confederação, onde você que se sentiu lesado dentro do esporte (ou viu alguém sendo lesado), pode fazer sua denúncia, não importa a condição de participação na modalidade. Ainda não tenho certeza se na prática realmente funciona, mas pelo menos o canal existe. Entre os valores listados como primordiais para a Confederação encontra-se

“Imparcialidade e Senso de Justiça – Conceitos essenciais e constituintes das ações da CBG frente às imensas responsabilidades assumidas com seus filiados, com a comunidade ginástica e seu público, que alicerçam a licitude e retidão dos atos da Confederação e o desenvolvimento de todas as modalidades ginásticas sob seu comando”,


que dá uma ponta de esperança na resolução de problemas e conflitos, e espera-se que essa imparcialidade e senso de justiça estejam acima de qualquer politicagem.

Os Clubes