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3 de junho de 2025A ginástica artística brasileira escreveu mais um capítulo inesquecível de sua história no Campeonato Mundial Master 2025, realizado durante o tradicional Turnfest em Leipzig, Alemanha. Uma equipe formada por atletas veteranos, com idades entre 32 e 61 anos, subiu ao pódio internacional para conquistar uma medalha de ouro inédita na categoria Master, colocando o Brasil entre os três melhores times do mundo na competição.
Entre os destaques da delegação brasileira está o ginasta Nelson Sátiro Kitahara, de 60 anos, que não escondeu a emoção ao comentar a conquista. “Competimos de igual para igual com atletas da Alemanha, Japão, EUA, Reino Unido, Canadá… Foi uma competição rica, cheia de emoções, com ginastas de várias gerações reunidos em um mesmo ambiente”, relembra.
O torneio foi dividido em cinco faixas etárias: 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, 60 a 69 (faixa de Nelson) e 70+. Para se qualificar, cada equipe deveria incluir ao menos um ginasta de cada faixa. “Competimos com estratégia e dentro do planejado. Acredito que essa conquista ficará marcada na memória de todos nós”, completa.
Participar do Mundial já era uma grande vitória, mas o resultado superou as expectativas. “Foi o melhor resultado que poderíamos sonhar. Estar entre grandes nomes da ginástica internacional, com atletas que já disputaram mundiais, europeus e até Jogos Olímpicos, e ainda sair com um resultado tão expressivo é algo indescritível”, afirma Kitahara.
Com a medalha de Bronze, o Brasil se consagrou como a terceira melhor equipe Master do mundo em 2025. A notícia se espalhou rapidamente pelas redes sociais, rendendo congratulações de admiradores dentro e fora do país. “Esperamos que esse resultado traga mais visibilidade e apoio para os nossos próximos desafios, pois, infelizmente, a maioria de nós custeou sua própria participação”, desabafa.
Além de Kitahara, o grupo ainda era integrado por Thiago Gasparotto (38), Agostinho Miyazaki (61), Renato Kiss (47), Renato Oliveira (34), Marco Monteiro (59) e Fernando Teixeira (54). Já Nelson, contou com apoio da Universidade Paulista (UNIP), do Brasil Futebol Clube e da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Mas ele reforça: “Que outros patrocinadores possam se somar a essa jornada e ajudar a elevar ainda mais o nome do nosso país.”
Vidas paralelas, superação e amor pelo esporte
O grupo é formado por ginastas que levam vidas muito distintas fora dos treinos — alguns são profissionais de saúde, educadores físicos, empresários — mas todos compartilham a mesma paixão pela ginástica. “Somos realmente um grupo heterogêneo. A ginástica nos uniu. No início, eu era muito competitivo e individualista, mas a maturidade trouxe uma nova perspectiva. Hoje, somos parceiros, apoiamos uns aos outros e formamos uma verdadeira equipe”, conta Nelson, emocionado ao lembrar das palavras de um dos colegas de equipe antes da competição: “O melhor é estar aqui, agora, com nossa turma, fazendo o que amamos.”
A jornada até Leipzig foi repleta de obstáculos. Após o Meeting de 2024, Kitahara enfrentou lesões nas mãos — dois casos de “dedo em gatilho” — que quase o tiraram da competição. “Isso abalou muito o lado psicológico. Não conseguia treinar direito e o diagnóstico certo demorou a chegar. Só consegui tratamento adequado dias antes da viagem”, revela.
Ainda assim, ele manteve o foco e superou o desafio, provando que a paixão e a resiliência são maiores que qualquer limitação física. Agora, a prioridade é descansar o corpo e a mente. “Precisamos nos recuperar do desgaste físico, mental e financeiro. Em setembro, já temos uma nova competição pela frente”, antecipa.
O começo de um novo ciclo
A equipe foi formada especialmente para este campeonato. A ideia surgiu em 2024, quando um dos integrantes participou de uma competição nos Estados Unidos e compartilhou a possibilidade de representar o Brasil em torneios internacionais. A partir daí, o grupo começou a se formar e, em agosto do mesmo ano, já estavam prontos para encarar o desafio.
O bronze conquistado em Leipzig é apenas o começo. Com disciplina, união e o espírito esportivo que os move desde a juventude, os ginastas brasileiros Masters mostraram ao mundo que talento, dedicação e amor pelo esporte não têm idade.