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27 de junho de 2025Cerca de cinco meses após a saída do técnico Roger Medina, que assumiu novo posto no CEGIN (PR), o clube MS Ginástica Artística, sediado em Goiânia (GO), entra em uma nova fase. Liderado pelo CEO Mário Sérgio Borges Almeida, o projeto segue firme em sua proposta de fortalecer o esporte na região Centro-Oeste, apostando em um modelo independente de financiamento e com base sólida de formação.
A transição, marcada por perdas de atletas e treinadores, não abateu a confiança da equipe, que segue com um plano estruturado de crescimento. A debandada recente envolveu 13 atletas e três profissionais da comissão técnica, todos agora sob o comando de Medina no Sul do país.
Apesar disso, Mário Sérgio afirma que o projeto MS continua com consistência, apoiado por treinadores experientes como Eduardo Junqueira e Ueliton Bispo, e mais de 120 atletas em processo de formação e alto rendimento. “Temos uma base forte, com nomes importantes que seguem conosco, disputando os principais campeonatos do país com excelência”, destaca.
No centro da estratégia do clube está o novo Centro de Treinamento da Seleção MS, inaugurado neste ano, que soma-se às 13 unidades espalhadas pelo Brasil. O trabalho de detecção de talentos também é um diferencial: seis centros de treinamento ativos na capital goiana já revelam novas promessas. Ainda assim, o CEO reconhece que a ginástica em Goiás enfrenta entraves, como a falta de apoio estatal e carência de mão de obra especializada.
Mesmo com desafios, o clube projeta presença em todas as principais competições do calendário nacional e mantém bom diálogo com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). “Temos sido respeitados e ouvidos, e estamos atentos aos critérios técnicos para evoluir cada vez mais”, aponta Mário.
Confira a seguir a entrevista com o CEO do MS Ginástica Artística:
Quem é a equipe que continua no MS e quais as suas funções?
Hoje, quem continua na equipe é Ueliton Bispo, Eduardo Junqueira, Luiz Elias e Carolina Drumond, que são os treinadores oficiais da seleção MS. Os líderes principais são Eduardo Junqueira e Ueliton Bispo.
Como a saída das atletas e treinadores para o CEGIN impacta o clube?
Roger levou 13 atletas e três treinadores, porém seguiremos normalmente nosso projeto. Temos atletas que permaneceram e que disputarão o brasileiro com elegância e excelência, além de muitas atletas de base e categoria avançada que continuaremos trabalhando.
Quantas atletas o clube possui atualmente?
Temos uma estrutura robusta de formação de atletas. Hoje, ao todo, são mais de 120 ginastas inseridas na projeção de alto rendimento, que chamamos de seleção MS.
Em sua entrevista ao Gym Podcast Brazil, Roger disse que o governo de Goiás não tem interesse na ginástica. Qual sua visão sobre isso?
Acredito que o cenário geral brasileiro de clubes que dependem de verbas do governo sempre foi muito deficiente.
O que posso afirmar é que decidi apostar com recursos próprios e, aos poucos, revolucionar o modelo que desenvolvi, que é alcançar o que para muitos é “impossível”: não depender de dinheiro público, mas sim ter suporte e apoio, que são muito bem-vindos.
Quais os planos de expansão do MS para 2025?
Em janeiro de 2025, nosso plano de expansão começou a todo vapor com o novo CT da SELEÇÃO MS, onde temos um bom tamanho, capaz de atender as atletas e alcançar um nível cada vez melhor. Em termos das nossas unidades, temos 13 academias espalhadas pelo Brasil e pretendemos expandir cada vez mais. Em breve, teremos mais novidades.
Quais competições vocês pretendem disputar este ano?
O máximo possível. Campeonato Brasileiro, que incluirá as categorias pré-infantil, infantil e juvenil. Além de torneios nacionais e estaduais para adequar ao perfil de cada categoria que temos, pois é um público amplo.
Como está o trabalho de captação de novos talentos?
Temos seis centros de treinamento em Goiânia e turmas de formação com cerca de 30 atletas entre 6 e 7 anos. Acreditamos que a base é o caminho para o alto rendimento.
O que falta para a ginástica goiana chegar ao topo?
Para mim, falta profissionais e paciência para, aos poucos, atingirmos a estatura que merecemos. Hoje não dependemos de recursos públicos, porém se houvesse um interesse maior do estado certamente haveria uma aceleração no processo.
Quais os desafios do clube até eventos como o Troféu Brasil?
Os desafios que enfrento hoje são os processos e mão de obra para continuar desenvolvendo a qualidade no ensino, buscar treinadores de alto nível e atletas e pais que estejam comprometidos com o processo de formação.
Como está a relação com a CBG e outros órgãos?
Boa. O Henrique Motta tem sido solícito e estamos atentos aos critérios da confederação para evoluir dentro dos parâmetros.
O que pensa sobre o êxodo de ginastas para clubes maiores?
A migração de atletas de clubes menores para os grandes centros é um fenômeno natural no esporte, mas que precisa ser analisado com cuidado. Por um lado, é um sinal de que o atleta evoluiu e busca novos desafios em estruturas com mais recursos e visibilidade. Isso pode ser positivo para a carreira dela, especialmente em um esporte como a ginástica, onde a exposição e o acesso a competições de alto nível fazem diferença. Por outro lado, é uma faca de dois gumes, muitos clubes menores investem anos na formação dessas atletas, e quando elas saem, o projeto sofre um baque – não só no rendimento imediato, mas também na motivação das outras ginastas que ficam. Além disso, nem sempre a mudança garante um ambiente melhor: algumas atletas se perdem em meio a pressões maiores, falta de acompanhamento personalizado ou até mesmo por ficarem em segundo plano em equipes já consolidadas.
A Thauanny dos Santos, uma das peças fundamentais do MS, deixou o clube. Como interpretaram isto?
No caso do MS, sempre priorizamos um trabalho de base forte e um acompanhamento próximo, justamente para que as atletas não precisem sair para ter acesso a um alto nível. Mas quando acontece, como no caso da Thauanny dos Santos, que praticamente iniciou na MS desde quando fundamos a empresa em 2017, entendemos que faz parte do jogo. O que não podemos aceitar é a ideia de que “clube pequeno não tem futuro”. Prova disso são as atletas que escolhem ficar e as que um dia podem até voltar, como já vimos em outros casos. No fim, o que importa é que o esporte brasileiro precisa de mais equilíbrio: os grandes clubes deveriam apoiar os menores em vez de só absorver seus talentos, e os atletas precisam ter clareza de que mudar não é só sobre “ir para um lugar melhor”, mas sobre encontrar o ambiente certo para o seu momento.
Uma mensagem final para atletas e equipe?
Aos treinadores: vocês estão fazendo história. Cada treino, cada competição, cada detalhe faz parte de uma revolução na ginástica brasileira. Às atletas: Não importa de onde você vem, aqui você tem a chance de se tornar uma campeã. A Seleção MS não é só um clube, é um projeto que acredita no potencial de cada uma de vocês. O futuro é nosso, e estamos só começando.