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30 de junho de 2025Por mais de três décadas, ela não apenas competiu — ela resistiu, brilhou, sobreviveu. Aos 50 anos, a ginasta uzbeque Oksana Chusovitina segue sendo o maior exemplo de longevidade e superação da história da ginástica artística. Uma lenda viva. Um corpo em movimento contínuo. Uma história que começou contra todas as previsões. Neste ano, ela completa uma década, sendo 43 destes anos dedicados a ginástica artística.
Oksana Chusovitina nasceu em 19 de junho de 1975, em Bukhara, então parte da União Soviética. Aos 7 anos, iniciou-se na ginástica. Mas o que poucos sabem é que, ao tentar seu primeiro teste, foi recusada pela treinadora da equipe feminina. O que parecia o fim precoce de um sonho virou um improvável ponto de virada: um técnico da equipe masculina notou seu talento e passou a treiná-la com os meninos.
Durante dois anos, ela cresceu entre eles. Depois, foi finalmente aceita na equipe feminina — e nunca mais deixou de competir. Em 1988, Chusovitina já era campeã júnior da União Soviética. Estreou internacionalmente em 1989, e em 1991 disputava seu primeiro Campeonato Mundial. Começava ali a construção de um dos maiores legados da ginástica mundial.
A trajetória de Chusovitina é marcada também por um fato inédito: ela representou três nações ao longo da carreira. Começou pela União Soviética (1989–1991), que foi onde nasceu, estreou e brilhou nas primeiras competições internacionais. Neste país, ela permaneceu até 1991. Com o final da Guerra Fria, acabou também o condado soviético e “Chuso”, como é chamada pelos fãs, se instalou na sua cidade natal, num território recém nascido: o Uzbequistão.
Com isso, em 1992, já classificada para os Jogos Olímpicos de Barcelona, competiu pela Equipe Unificada, que era uma espécie de independência dos atletas soviéticos que ainda estavam numa equipe coletiva antes de serem repatriados. Em seguida, passou a representar o Uzbequistão de vez. Primeiro de 1993 à 2005 e depois de 2013 até o presente.
Mas em determinado momento, a vida a levou para a Alemanha, entre 2006 e 2012. Naturalizou-se alemã para garantir o tratamento de saúde do filho, diagnosticado com leucemia. Foi representando a Alemanha que conquistou a prata olímpica no salto em 2008.
Entre os alemães, a ginástica deixou de ser apenas uma paixão para se tornar também salvação. Seu filho, Alisher, foi diagnosticado com leucemia, em 2002, enquanto ainda estava onde construiu sua família. Sem recursos no Uzbequistão, mudaram-se para a Alemanha em busca de tratamento. Oksana voltou às competições para pagar as despesas médicas. Lutou. Venceu. Alisher se curou e hoje vive na Alemanha, como professor e técnico de basquete. (Pena que não é técnico de ginástica).
Recordes e reconhecimento
Hoje, aos 50 anos de idade, e com 43 anos de ginástica. ela é vista como uma das maiores lendas do esporte, não somente de sua modalidade. Ao longo dos anos, Chusovitina reescreveu a história da ginástica:
🥇 8 Olimpíadas entre 1992 e 2020 – um feito jamais alcançado por outra ginasta.
🥈 2 medalhas olímpicas: ouro por equipe (Barcelona 1992) e prata no salto (Pequim 2008).
🏆 11 medalhas em Campeonatos Mundiais, incluindo 4 ouros, a maioria no salto.
🌀 5 elementos nomeados no Código de Pontuação, entre eles o complexo “Chusovitina-Touzhikova”, no solo.
Seus feitos são grandiosos, até mesmo nos tempos atuais. E não somente porque o corpo resiste ao tempo e insiste em subir nos aparelhos. Aos 48 anos, ficou a apenas 0,15 ponto do pódio no salto dos Jogos Asiáticos de 2023. Em 2025, ao completar 50 anos, conquistou a prata na Copa do Mundo de Tashkent, em pleno solo uzbeque. Um feito quase mitológico.
Um corpo, um legado, um símbolo
Em um esporte onde a maioria das atletas se aposenta antes dos 25 anos, Chusovitina competiu até os 50, enfrentando adversárias com menos da metade de sua idade. E venceu. Sua longevidade influenciou diretamente outras grandes atletas, como Daniele Hypólito e Jade Barbosa, que passaram a questionar os limites impostos pela idade na ginástica artística.
Oksana Chusovitina não é apenas uma atleta. Ela é uma narrativa viva de resiliência, amor materno, superação e paixão inabalável pelo esporte. Uma mulher que, mesmo diante das mais difíceis provações, se recusou a parar. Em um mundo onde o tempo costuma ser inimigo dos atletas, ela o transformou em aliado. E com cada salto, cada aterrissagem, cada gesto no tablado, segue mostrando que o extraordinário não é feito apenas de talento — mas de uma vontade feroz de continuar.
Feliz aniversário, Chuso! E obrigado por nos deixar a assistir e torcer por você!