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  • "Unfinished business". Gabby vai conseguir terminar o que não concluiu em 2016?


    Gabrielle Douglas prometeu muito e entregou pouco. Seria melhor que não tivesse falado nada. A ginasta deu a entender que tinha voltado a treinar nesse ciclo, para “terminar negócios” que não foram concluídos nos Jogos do Rio 2016. No último sábado Gabby finalmente colocou suas séries para jogo e, apesar de ter tido pontuação suficiente na trave e salto para prosseguir no caminho da seletiva olímpica, somou menos de 51 pontos e ainda não está apta competir por um lugar no individual geral.

    No ciclo 2012-2106, Gabby fez uma pausa mas voltou a tempo de se colocar como vice-campeã mundial individual geral em 2015, atrás apenas de Simone Biles. Posteriormente, assegurou uma vaga nos Jogos do Rio. Em entrevista na época, Martha Karolyi – que era a head coach americana - disse que “sabia que seria criticada por escolher Gabby para a equipe olímpica depois de seu desempenho no Trials, mas que conseguiria se entender com ela no camp”. Ou seja: no Trials de 2016 ela já não estava tão apta assim. Nas classificatórias dos Jogos do Rio acabou ficando atrás de Simone Biles e Aly Raisman, não conseguindo vaga na final individual geral. Voltou para casa “apenas” com o ouro por equipes e um 7º lugar na final de barras. Essa volta aos treinos para Paris 2024 seria para terminar o que ela não concluiu em 2016. Dessa vez vai ser suficiente?

    Se ela não conseguiu concluir sua meta nos Jogos do Rio, quando voltou a tempo de ser vice-campeã no Mundial Pré-Olímpico, o que esperar agora, com ela competindo pela primeira vez a 3 meses dos Jogos de Paris? Qual a constância e acertos necessários dentro de competições para chegar tranquila no Trials? Porque para entrar na equipe olímpica ela precisa, primeiramente, chegar no Trials! E aparentemente está bem difícil.

    Gabby competiu no sábado com duas quedas nas assimétricas e mais uma no solo. Saltou uma excelente dupla e sobreviveu a trave. Surpreendeu com um bom artístico no solo (esse sempre foi seu ponto fraco, com músicas e coreografias duvidosas) mas pecou nas aterrisagens e nas escolhas dos elementos de dança. Fisicamente falando está ótima, bem forte e em forma, inclusive na parte postural e flexibilidade.

    De forma bem justa, é admirável que ela tenha voltado assim 8 anos depois de sua última competição. Sob esse ponto de vista, mostrou muita ginástica de qualidade. Se faltasse 1 ano para Paris, tenho certeza que ia colocar muita pressão sobre as outras. Porém, como faltam apenas 3 meses, faltou, e faltou muito. Gabby é um ícone da ginástica, foi a primeira negra campeã olímpica all-around e tem um legado a zelar. Se expor dessa forma talvez tenha sido desnecessário, assim como foi com Nastia Liukin.

    Enquanto Aly Raisman fez seu retorno acontecer e não só trouxe sua ginástica de volta, mas trouxe ainda melhor, Nastia Liukin enrolou para voltar a se expôs desnecessariamente numa tentativa que tinha poucas chances de dar certo. Durante um tempo foi motivo de piadas e memes. Quem não se lembra do “Xô cravar minha UB de 16.650”? Pois é. Parece que esse é o caminho que Douglas está percorrendo.

    A ginasta se retirou da Winter Cup com um atestado médico duvidoso, se envolveu em troca de clubes mais uma vez e manteve sua fama de “pessoa difícil”. Em seu histórico existe um passeio por vários clubes americanos. Quando o problema é todo mundo, talvez o problema possa ser você. 

    A próxima chance para continuar na corrida olímpica acontece no US Classic, onde precisa tirar mais de 51 pontos no individual geral, isso se quiser competir em todos os aparelhos no Nacional e no Trials. Caso não possam comparecer ou não consigam a pontuação, as ginastas podem enviar uma petição ao Comitê Técnico para competir no Nacional, que pode ou não ser aceito. No caso dela, a previsão é de atestado médico e petição, mas espero estar enganado.

    Mesmo porque isso aqui não é uma crítica à ginasta em si, que apresentou uma ginástica de ótima qualidade dado o tempo que ficou fora dos treinos e competições, mas uma crítica à forma como ela está conduzindo suas metas para um objetivo tão difícil. Sigo torcendo para que Gabrielle Douglas não termine essa corrida olímpica como Nastia Liukin em 2012 e se torne um case - arriscado - de sucesso.

    Texto de Cedrick Willian
    Foto: USA Gymnastics

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