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  • Último dia de finais em Doha


    E finalmente termina o Mundial de Doha! Foram dez dias de cobertura de mais um mundial desse ciclo que, para o Brasil, só ainda não foi melhor que o ciclo 2005-2008. Estamos em um bom caminho. Que os erros sejam fixados, que o psicológico seja trabalhado e que as chances aconteçam para uma equipe fortalecida e ainda melhor que a que tivemos aqui.

    Salto masculino

    Os critérios de medalha nessa final eram praticamente esses: chegar em pé nos dois saltos; dar o mínimo de passos possível e o menor possível; cravar o salto. Quem fizesse isso estaria na corrida por uma medalha, já que as notas D eram iguais praticamente para todos os ginastas exceto Ri Se Gwang.

    Gwang acertou os dois saltos que levam seu nome e que, logo de início, abrem uma vantagem de quatro décimos em cada um em relação aos outros concorrentes. Dalaloyan também acerta uma excelente tripla e um blanik muito alto! E Kenzo, que tinha a menor nota de partida da final, teve uma execução brilhante: saltou uma tripla sem grandes erros e um tuskahara com dupla e meia cravado! Ouro, prata e bronze para eles. Quarta medalha de Dalaloyan em sua quarta final em Doha.

    Trave

    Sinceramente não foi uma final agradável de assistir. Cheia de erros, o pódio foi praticamente de quem ficou em cima da trave. Quatro quedas no total mais uma queda no aparelho. Final de trave boa é aquela em que todas as ginastas acertam e você fica na dúvida de quem leva a melhor.

    Sanne Wever, Simone Biles e Kara Eaker, talvez as favoritas nessa final, erraram muito. Nina derwael, que teve uma chance de estar no pódio depois dos erros de Zhang Jin e Simone, perdeu ligações e desequilibrou consideravelmente.

    Dessa forma, Anne-Marie, que tinha nota D para um pódio, acertou sua série e trouxe a prata para o Canadá que já tinha uma medalha nesse aparelho conquistada no Mundial de 2006 com Elyse Hopfner-Hibbs. Essa também foi a segunda medalha individual conquistada pelo país em Doha.

    Liu Tingting salva a moral chinesa levando o ouro com uma excelente série, muito limpa e muito bem cravada. Sem desmerecer o bronze e a classificação olímpica da seleção feminina aqui, a equipe chinesa está muito aquém do passado maravilhoso que possui.

    Barras paralelas

    Mais um quarto lugar para Sam Mikulak e mais uma medalha para Dalaloyan. É impressionante como Mikulak crava apenas onde ele não é o favorito. Acertou muito bem sua série de cavalo com alças no primeiro dia de finais e hoje acertou muito bem a paralela. Sua chance final fica na barra fixa, onde realmente está no páreo.

    Sem perder o respeito pelo excelente trabalho de Oleg Verniaiev nessa final, Zou Jingyuan é atualmente o dono desse aparelho. Ele tem um estilo próprio e uma precisão incrível, algo parecido com Petrounias nas argolas. O corpo muito duro, paradas incrivelmente encaixadas, trocos extremamente rápidos e que de repente chegam na velocidade zero com uma parada perfeita. Essa é a série para se assistir das finais de hoje. Acho impossível ter algo mais próximo da perfeição do que ele apresentou nessa final.

    Oleg Verniaiev também fez um trabalho brilhante e sempre será um candidato ao pódio nessas finais. Um errinho no fim da série - uma perda de equilíbrio no diamidov com 3/4 de volta - poderia tê-lo colocado mais próximo de Zou mas, mesmo com uma série cravada, seu lugar continuaria sendo atrás do chinês.

    Solo feminino

    É uma pena que o solo que Flávia passou aqui hoje, apesar de muito bonito, tenha sido o pior que ela executou durante todo o Mundial. Pisou fora do tablado no tsukahara grupado - esse erro já teria dado o bronze para ela - e teve uma chegada baixa no duplo carpado. Esse é o segundo ano seguido que o Brasil se faz presente nessa final e termina fora do pódio.

    Simone Biles se torna tetracampeã mundial de solo, ultrapassando a romena Gina Gogean em títulos. Trabalho fácil para ela nesse aparelho, já tem nota D impossível de ser ultrapassada. A briga sempre será pela prata e bronze em toda final de solo que Biles estiver.

    E nesse briga, lutou Mai Murakami e Morgan Hurd, sendo que Hurd levou a melhor. Com uma série bonita e com boas chegadas, Hurd ultrapassou Murakami por menos de um décimo. Apesar de muito boa, a série de Murakami teve chegadas muito baixas, e a nota abaixo de 14 aparentemente a deixou surpresa.

    Angelina Melnikova fez uma excelente série, uma das melhores de sua carreira, e acabou terminando em 4° lugar. Fez um requerimento de nota D, dever e direito dela sempre que se sentir injustiçada, mas entre fazer um requerimento e ele ser aceito pelas juízas parece existir um abismo. Os juízes masculinos costumam ser mais favoráveis nesse sentido.

    Barra fixa

    Com uma série de barra fixa bem mas difícil que nas classificatórias, Epke Zonderland arriscou tudo que tinha para a conquista do ouro. Ligando um cassina com um kovacs e um kovacs com pirueta a um outro cassina, conseguiu nota final 15,100. Muito legal a barra fixa ter começado a ter valores de ligação! As séries ficaram mais emocionantes.

    Tin Srbic, campeão mundial em 2017, também ligou quatro tkachevs em mais uma série com nota de partida aumentada para essa final, mas não conseguiu nota mais alta que Sam Mikulak em sua rotina cravada na final de hoje. Cravar a série foi essencial para Mikulak, que finalmente conseguiu sua medalha individual em mundiais!

    Kohei Uchimura, tradicionalmente presente nessa final, conquista mais uma medalha nesse aparelho, terminando com a prata. Série muito limpa e com largadas muito altas, em que ele consegue retomar a barra com muita segurança e bom embalo merecendo os 14,800.

    Artur Dalaloyan falha pela única vez em todo o mundial, mostrando que é humano e provavelmente está cansado de tantas finais. Não deixou de ser uma participação brilhante desse ginasta que voltou a dar gosto aos fãs em assistir a ginástica russa masculina.

    Dessa forma o Mundial é finalizado. Começam agora as Copas do Mundo onde serão definidas as vagas de especialistas, tanto individual geral como por aparelhos. Ainda tem muita competição emocionante e classificatória por vir. Saem daqui classificadas as equipes da Rússia (masculino e feminino), China (masculino e feminino), Japão (masculino) e Estados Unidos (feminino).

    Para os resultados completos, de todo o mundial, clique aqui.

    Post de Cedrick Willian

    Foto: World Gym Doha 2018
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