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  • Última parada antes dos Jogos

    Essa semana, entre os dias 23 e 26, acontece a Copa do Mundo de Doha, último campeonato oficial FIG antes dos Jogos e última chance de classificação olímpica de alguns ginastas. Enquanto no feminino quase todas as vagas estão definidas, no masculino algumas situações interessantes podem acontecer. O Brasil estará presente na competição representado por Rebeca Andrade, Lorrane dos Santos e Flávia Saraiva no feminino; Tomas Rodrigues, Diogo Soares, Caio Souza, Francisco Barreto, Arthur Nory e Arthur Zanetti no masculino.

    No feminino, a última vaga em aberto se encontra no solo: as italianas Lara Mori e Vanessa Ferrari estão numa disputa acirrada. Quem ganhar leva! E ainda tem Lorrane que vai competir solo e pode bagunçar o ranking: caso ganhe a competição no solo, a vaga fica com Lara Mori pelo critério de desempate. No salto a vaga já é da americana Jade Carey; nas barras da chinesa Fan Yilin; na trave da japonesa Urara Ashikawa. Rebeca pode finalizar o ranking em segundo lugar nas assimétricas e trave. 

    Com isso, caso haja alguma lesão da chinesa ou japonesa, a vaga vai pra próxima do ranking. É bom que Rebeca seja a próxima porque os critérios foram alterados tantas vezes que existe uma possibilidade - mesmo que mínima, por que não? - dela usar a vaga de um dos aparelhos e deixar a vaga do Pan pra próxima brasileira. Seria possível ter Flávia, Rebeca e Lorrane nos Jogos?

    No masculino a situação está dividida e três aparelhos estão já definidos: solo, onde Rayderley Zapata (ESP) está em primeiro e não tem nenhum concorrente em Doha que possa tirá-lo dessa posição; salto, onde Jeahwan Shin (KOR) está em primeiro também sem concorrentes que o ameaçam; barra fixa, com Epke Zonderland (NED) em situação confortável. A China resolveu bagunçar o cenário tirando todos os atletas da competição, mas a justificativa real foi a pandemia da COVID-19 e a proximidade dos Jogos. Com isso, cavalo com alças, argolas e paralela ficam numa situação mais complicada.

    No cavalo com alças, Kohei Kameyama (JPN) compete para tentar um empate com Weng Hao (CHN). Para isso precisa vencer a competição com a pontuação 15,069; assim ultrapassa em desempate a média que Hao já fez e leva a vaga. Na paralela, You Hao (CHN) lidera sem nenhuma ameaça, mas a vaga pode ir tranquilamente para o australiano Mitchell Morgans, que talvez nem espera que isso aconteça. A explicação vem adiante!

    Nas argolas, a situação mais emocionante: o grego Eleftherios Petrounias não está classificado para os Jogos e tem nessa competição sua única chance. Pelo somatório de pontos, precisa vencer a competição para se igualar ao chinês Liu Yang. Além de vencer, precisa de nota final no mínimo 15,333 para ficar à frente no desempate. É uma situação muito específica e talvez mais difícil do que competir uma final olímpica. Um dos dois não vai a Tóquio, a não ser que Petrounias vença a competição nesse cenário e a China resolva usar a vaga das copas all-around com Yang. Não há como negar que seria ótimo para o Brasil se Petrounias não se classificasse: um concorrente a menos. Pra Petrounias, Tóquio já começou - na verdade nem existe.

    Agora a explicação: caso dois ou mais chineses fiquem em primeiro depois de Doha, terão que passar por novo critério de desempate, já que o mesmo país não pode levar mais que um ginasta pelas Copas do Mundo por aparelhos. Para o desempate é feita a média de todas as competições que o ginasta participou e como You Hao teve uma participação bem fraca em uma delas, ficou com a média 14,812  e Mitchell já entra no lugar dele.

    Entre Weng Hao e Liu Yang, o desempate ficaria com Yang, que tem média total 15,124 enquanto Hao tem média total 14,933. Agora um último e terceiro cenário pode acontecer e deixar a China numa situação inesperada: caso Kameyama vença o cavalo com alças com a pontuação necessária e Petrounias também, os dois conquistariam a vaga nominal junto com You Hao pela paralela. Assim a China teria que deixar Weng Hao ou Liu Yang fora dos Jogos, sendo que You Hao é o especialista menos importante entre os três e não faz tanta diferença para o quadro de possíveis medalhas chinesas.

    Análises feitas, agora é só apreciar. Não fosse a pandemia da COVID-19, as classificatórias pela Copa do Mundo por aparelhos teriam sido muito mais emocionantes, especialmente porque deu espaço para qualquer ginasta especialista se inscrever de forma livre. O sistema classificatório deu importância para essas Copas e mais audiência, assim como para os Campeonatos Continentais. Não sabemos como será no próximo ciclo, mas seria interessante manter essas duas classificações e excluir as Copas do Mundo All-Around, que só contempla alguns países, ou abrir inscrição livre para elas também, com um dia de classificatória e uma final com os melhores all-arounders.

    Informações e lista nominativa, clique aqui.

    Texto de Cedrick Willian
    Foto: Doha Artistic Gymnastics - Qatar 

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