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  • Análise da segunda subdivisão feminina - Evento Teste Londres 2012



    Por onde começar após tantas emoções?
    De repente me vejo olhando para três lugares ao mesmo tempo. Preparadas para iniciar o segundo grupo, uma espanhola no solo, uma francesa no salto e na trave quem iria abrir era Julie Crocket da Bélgica. E o que mais me chamou atenção foi justamente a Julie! Essa ginasta tem brilho. Ela entra e faz. E cada vez mais eu queria olhar para a Bélgica, mas como elas não tinham chance eu evitava olhar para elas, e estava preocupado em ver principalemente as espanholas. Mas não teve jeito, após Crocket veio a Aagje Vanwalleghem, que segiu fazendo também uma ótima série. Depois vieram mais três belgas muito boas, mandando muita coisa boa na trave, mas com quedas. Uma teve uma queda bem feia na verdade, daí eu pensei: "essa equipe é boa, hein?! Pena estarem errando tanto..." Segui olhando as espanholas e francesas que passaram razoavelmente bem pelo solo e salto, respectivamente.

    No próximo rodízio, vi as belgas ainda mais interessantes. Todas fortes e em forma, as melhores coreografias da competição. De longe. Interpretando mesmo a música, coreografia super bem montada e não apenas feita para a ginasta descansar no cantinha da diagonal. Aagje foi linda, depois vieram outras muito bem na coreografia e com umas falhas nas aterrissagens. Uma delas, inclusive, saiu capotando do solo. Crocket veio com a música da Daniela Mercury, que depois muda para uma música que é tipo uma salsa, e depois volta para a música "Julieta" da Daniela Mercury. Detonou! Expressão, dinamismo, vontade, brilho e dificuldade. Eu queria muito estar na platéia neste momento, para poder aplaudir muito. Pronto, já gostava dela desde o europeu de Berlim, agora estava definitivamente encantado. Em seguida as belgas saltaram muito bem, incluindo yurchenko com pirueta e meia da Aagje, e reversão mortal grupado com pirueta da Julie. Foram para a paralela com 4 pontos de vantagem em relação a Espanha, que após competirem bem no solo e salto tiveram um completo desastre na paralela. Linhas maravilhosas mas erraram muito. "Mas paralelas??? Será que a Bélgica terá ginástica para isso?" E teve... mesmo com falhas de Gael Mylls, que está em grande fase, e também da Aggie, que foi finalista de paralelas no europeu de Berlim, pensei que elas nao conseguiriam. Mas a Espanha continuou com o show de erros. Quedas e mais quedas da trave. Não teve jeito. Eu ficava olhando de um lado para o outro. De um lado via uma cortada maravilhosa da Espanha, do outro via um shootover mega encaixado da Bélgica. De um lado via mortal estendido na trave, do outro via cubital na paralela. E assim foi até que as duas últimas espanholas acertaram suas séries e a Bélgica tambem terminou bem na paralela. Todo mundo se olhando e na expectativa. As espanholas com cara de choro já, e Jesus Carballo de braços cruzados e visivelmente chateado. As belgas apreensivas esperavam sua última nota, assim como as espanholas. E quando o resultado final saiu, a equipe belga ficou com mais de 3 pontos na frente da Espanha. Foi muito bonito! A Bélgica não deu sorte: elas mereceram cada ponto, cada décimo; competiu de igual e foi melhor. PARABÉNS!


    Estão todos aqui extasiados com o que aconteceu. A Bélgica ficou em décimo sexto no mundial. "Bélgi" o quê mesmo??? Quem se importava com elas afinal? Mas elas provaram seu valor aqui. Elas me lembraram uma certa equipe espetacular. A maravilhosa equipe brasileira de 1999. Não tinham nada! Não tinham nenhum título internacional de peso enquanto equipe. De referência, apenas Luisa Parente, que foi um talento individual do Brasil. Mas quando foram para o Pan de Winnipeg, ninguém sabia da existência delas. Chegaram lá e unidas, como eram, lutaram e conquistaram aquele título. As belgas me lembraram muito aquele grupo.


    A Espanha, que era uma certeza para os jogos, agora está praticamente fora. Estão em quarto lugar e com a Itália por passar ainda. A Espanha realmente estava bem, tinham dois DTY, paralelas e trave lindas, bom nível no solo, mas nenhuma equipe pode se dar ao luxo de errar tanto.


    A França está num momento muito bom, com meninas novas muito promissoras e as veteranas em grande fase. Dufournet e Brevet estão ótimas. Na paralela elas estão voando. Muita amplitude nos movimentos. Estão mesmo bem.


    Dentre as individuais, gostei muito da paralela da Kononenko e do solo da outra ucraniana, a Kysla. Gostei muito do salto da Emily Little: praticamente americana! E claro, torci muto pela Zoi Lima de Portugal, que sofreu uma lesão no cotovelo, ficou semanas sem treinar direito, quase desistiu de competir, mas veio na raça e mesmo com um começo ruim, errando paralela e trave, ela se recuperou no solo e no salto e está no páreo para conseguir sua vaga individual, que será a primeira desde Diana Teixeira em Atlanta 1996.
    Houve um momento interessante em que a música da eslovaca Maria Homolova parou, tipo a da Daiane em 2005, mas daí o público começou a bater palmas até o fim, e ela continuou. No fim foi super aplaudida pelo público e agradeceu muito. Foi muito legal!

    Enfim, foi emocionante. Agora teremos Itália, Grishina, Inshina, Giulia Steingruber, Valeria Pereyra, Ana Lago e Elsa Garcia. Vai ser bem legal também.
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    5 comentários:

    1. Bélgica pegou todos de surpresa...E agora esperando o mesmo do Brasil!!! Será???

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    2. Vocês sabiam que a Aagje, da Bélgica, nasceu aqui no Brasil? Ela foi adotada com meses de idade. Uma torcidinha indireta? Claro!

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    3. èe Clair Mastrangello em uma etapa de copa do mundo de 2007 acho que em sttutgart o narrador do Sportv deu essa informaçãao !

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    4. Noticia OLD hahahahahhahahaha
      O nome brasileiro dela, se não me engano, é Ana Maria... Ela cairia como uma luva no time do Brasil. Uma AA boa e tem uma UB ÓTIMA...

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    5. É, e ainda bem que as normas do COI não são as mesmas da FIFA. No futebol, se você é naturalizado em outro país e compete por ele, não pode mais competir por seu país de origem (um exemplo é o Deco, do Fluminense. Ele não pode jogar pela Seleção Brasileira, pq já jogou pela Seleção Portuguesa).

      O COI e a FIG não enxergam problema nisso. A Chuso, a Liukin, a Daria Joura e o Tsukahara (filho) foram e são exemplos disso.

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