-->
  • Jogos de Tóquio: segundo dia de finais por aparelhos


    Não deu Brasil no pódio hoje porém o orgulho permanece inalterado. Zanetti competiu nas argolas, Caio Souza competiu no salto e Rebeca competiu na final de solo, com séries que poderiam ter sido sim para medalhas, mas que não aconteceram dessa vez.

    Zanetti abriu a final de argolas com um elemento novo: uma saída de triplo mortal grupado de valor G. O ginasta subiu sua nota em três décimos e era a chance correta para tentar um pódio na final. Apesar de ter tido cerca de 80% de acertos do elemento em treinos, na hora da série errou. É uma saída difícil mas que se tivesse sido executado com sucesso colocaria Zanetti no pódio.

    Rebeca participou de uma final incrível, a final feminina mais bonita até agora. Com um passo largo infelizmente pisou fora do tablado novamente na primeira linha acrobática (tá sobrando já!) e teve mais ou outro passo largo no duplo carpado. Com uma nota de E de 8.233, poderia ter subido a execução para pelo menos de 8.533 não fossem esses erros. Os passos são passíveis de descontos entre 0.3 e 0.1 e a saída do tablado teve desconto neutro de 0.1, e isso prova que nesse aparelho ela estava competindo por mais um ouro.

    Caio Souza acertou o primeiro salto - uma tripla pirueta de costas - com um passo largo, mas o grande problema foi o segundo salto, um dragulescu (duplo mortal de frente com meia volta) que acabou refugando. A entrada da reversão não foi tão boa, conseguindo pouca altura e, consequentemente, pouca segurança para realizar o elemento. Fez apenas um duplo de frente e teve uma queda.

    Ainda temos Flávia na final de trave amanhã, com a participação "inesperada" de Simone Biles. Na verdade, talvez essa fosse a única final possível para Simone, por mais estranho que isso pareça para muitos. Assunto da live de hoje às 20h!

    MASCULINO

    Argolas

    1. Liu Yang (CHN)
    2. You Hao (CHN)
    3. Eleftherios Petrounias (GRE)

    Faltou cravar a saída para o Petrounias bater de frente e ficar com a prata nessa final. No mais, fez tudo que podia ser feito. You Hao ganhou sua medalha com base na alta dificuldade da série - estratégia que foi usada por Zanetti - e deu certo. Liu Yang fez uma série brilhante, mereceu mesmo o ouro nessa final. Onde as séries de argolas vão parar? Os ginastas já estão com a nota de partida quase iguais ao ciclo anterior! Fiquei com uma dúvida sobre a série de Yang: aquela balançada de cabeça pode ser vista como atitude antidesportiva? Ele fez aquilo no Nacional Chinês também. O ginasta mexe o pescoço durante o cristo, como se conseguisse se alongar durante o elemento de força. A provocação foi desnecessária e arrogante. Daqui a pouco cruzam as pernas, piscam o olho, mandam beijo...

    Salto

    1. Shin Jeahwan (KOR)
    2. Denis Abliazin (ROC)
    3. Artur Davtyan (ARM)

    Pra ter noção do tanto que a final de salto é improvável, o russo Abliazin não fez nenhuma final de salto esse ciclo fora o Europeu 2019. Seu último resultado internacional foi nos Jogos de 2016, quando também conquistou a prata. Hoje empatou com o coreano Jeahwan, que conquista o segundo título olímpico da Coréia do Sul nesse aparelho. Surgiram alguns comentários colocando em dúvida se a tripla pirueta e meia do coreano valeu. Olhando rápido pareceu que não, mas com a câmera lenta da transmissão deu pra ver os pés e ombros bem direcionados pra frente, com os joelhos para o lado. Foram os joelhos que deram essa sensação de incompleto e justamente por isso ali poderia ter acontecido uma lesão séria! Davtyan foi a única previsão acertada do blog, que viu na "simplicidade" dos saltos do atleta uma maior chance de acertos.

    Feito histórico: essa é primeira medalha olímpica da Armênia na ginástica artística

    FEMININO

    Solo

    1. Jade Carey (USA)
    2. Vanessa Ferrari (ITA)
    3. Mai Murakami (JPN) e Angelina Melnikova (ROC)

    Essa foi a final feminina mais bonita nos aparelhos até o momento, restando apenas a trave amanhã. Todas as séries estavam muito artísticas e bem montadas. Era possível ver em todas as finalistas uma expressão artística muito forte, uma vontade de mesclar a coreografia com as acrobacias, exceto em uma: Jade Carey. Por mais que ela tenha melhorado (a coreografia que você viu hoje teve um GRANDE progresso), o resultado veio por conta da nota de dificuldade alta na série mais cravada da vida. Apesar de não ter o artístico tão forte, fez o que o código pediu, merecendo o ouro e se redimindo do erro de ontem. Vanessa Ferrari e Murakami fizeram história para seus países e finalmente tiveram uma recompensa e descanso olímpico. Murakami ficou fora dos Jogos de 2012, conseguiu uma final de solo em 2016 e só agora o resultado veio. Ferrari, com 30 anos, duas finais olímpicas de solo em 4º lugar e quatro edições dos Jogos Olímpicos depois, finalmente conseguiu sua medalha. It's "Time to say goodbye" e foi uma bela despedida.

    Feitos históricos

    - essa é a primeira medalha olímpica feminina individual do Japão e primeira medalha olímpica desde 1964, quando a equipe japonesa conseguiu o bronze por equipes nos Jogos de Tóquio 64;

    - o mesmo aconteceu com a Itália, porém o tempo é maior: a última medalha olímpica do país foi a prata por equipes nos Jogos de Amsterdã em 1928.

    Resultados completos aqui.

    Texto de Cedrick Willian
    Foto: Simone Ferraro / CONI

  • You might also like

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário